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ENSINO SUPERIOR
Unip mantém liderança com 81 mil alunos; Estácio de Sá cresce 76% em um ano e supera USP, que fica na 3ª posição
Públicas perdem espaço no ranking do MEC
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O mais recente ranking das 20
maiores universidades do país em
número de alunos na graduação
mostra que duas das mais tradicionais universidades públicas do
país -USP (Universidade de São
Paulo) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)- vêm
perdendo, ano a ano, espaço para
instituições privadas.
A pesquisa, elaborada com dados do censo do Ensino Superior
do Ministério da Educação de
2001, mostra que a Unip (Universidade Paulista) consolidou a liderança no ranking, com 81 mil alunos. O maior crescimento proporcional, no entanto, foi da Universidade Estácio de Sá, do Rio,
que ultrapassou a USP no ranking
ao chegar aos 60 mil alunos, um
expressivo crescimento de 76,6%
no espaço de apenas um ano.
A USP, terceira colocada agora,
tem 35 mil alunos, segundo o censo do MEC, menos do que a metade dos alunos da Unip na graduação. Em 1991, a USP liderava esse
ranking, enquanto Estácio e Unip
nem apareciam na lista.
Das 20 que aparecem no ranking, 14 são instituições privadas.
Entre as dez maiores, a queda
mais expressiva no ranking foi da
UFRJ. Em 1991, ela ocupava a terceira posição. Em 2000, caiu para
a sexta e, em 2001, chegou à nona
posição. Com a queda, a instituição deixou de ser a maior universidade federal do país, posto agora ocupado pela UFPA (Universidade Federal do Pará).
A lista das dez maiores instituições desde 1991 reflete o quadro
-já apontado por pesquisas anteriores do ministério- do aumento da participação do setor
privado no ensino superior. Em
1991, seis das dez maiores instituições de ensino superior eram públicas. Em 2000, passaram a ser
quatro. Em 2001, apenas três
(USP, UFPA e UFRJ) constavam
da lista das dez maiores.
Unip e Estácio usam estratégias
diferentes de crescimento. A
Unip, do empresário João Carlos
Di Gênio, cresceu vertiginosamente usando, segundo o próprio, a estrutura da rede de escolas e cursos pré-vestibulares Objetivo, que pertence também a ele.
Os 40 campi da Unip, em geral,
ficam próximos de escolas ou cursos do Objetivo, o que favoreceu a
expansão, principalmente em cidades do interior de São Paulo.
Além de São Paulo, a universidade abriu unidades em Goiás, no
Amazonas e no Distrito Federal.
Desde 1996, quando foi realizado o primeiro Provão do MEC, a
Unip obteve a maioria (51,6%)
dos conceitos C, numa escala que
vai de A, o melhor, a E, o pior.
A Estácio, do juiz aposentado
João Uchôa Cavalcanti Netto,
cresceu no Rio com uma estratégia agressiva de marketing combinada com uma política de expansão usando a infra-estrutura
de colégios de ensino médio.
Em vez de construir novos prédios, a Estácio fez parcerias com
colégios do Rio usando, principalmente à noite, o espaço cedido
para criar novos cursos. Hoje, a
instituição possui 27 campi.
A universidade também chegou
a oferecer alguns cursos de graduação a R$ 150 mensais. Por isso,
foi acusada pela concorrência de
prática de dumping (venda por
preço abaixo do custo para afastar
concorrentes).
Assim como a Unip, a Estácio
também tem uma maioria (60%)
de conceitos C no Provão do Ministério da Educação.
Enquanto Unip e Estácio cresciam, USP e UFRJ apresentavam
um quadro de queda ou de pequeno crescimento. De 2000 para
2001, a USP, segundo os dados do
MEC, cresceu apenas 2%. A UFRJ
apresentou queda de 10% no número de alunos na graduação.
A maioria (78,5%) dos conceitos da USP no Provão desde 1996
foi A ou B. Na UFRJ, essa porcentagem é maior ainda: 93% de conceitos A ou B.
A única instituição pública entre as maiores a apresentar crescimento significativo de 2000 para
2001 foi a UFPA, que cresceu 10%
nesse período, passando de 23 mil
para 28 mil alunos.
Pela primeira vez, um centro
universitário aparece na lista das
maiores instituições. A UniverCidade (Centro Universitário da Cidade), do Rio, já aparece como a
16ª maior instituição de ensino
superior.
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