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São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 2003

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ENSINO SUPERIOR

Unip mantém liderança com 81 mil alunos; Estácio de Sá cresce 76% em um ano e supera USP, que fica na 3ª posição

Públicas perdem espaço no ranking do MEC

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

O mais recente ranking das 20 maiores universidades do país em número de alunos na graduação mostra que duas das mais tradicionais universidades públicas do país -USP (Universidade de São Paulo) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)- vêm perdendo, ano a ano, espaço para instituições privadas.
A pesquisa, elaborada com dados do censo do Ensino Superior do Ministério da Educação de 2001, mostra que a Unip (Universidade Paulista) consolidou a liderança no ranking, com 81 mil alunos. O maior crescimento proporcional, no entanto, foi da Universidade Estácio de Sá, do Rio, que ultrapassou a USP no ranking ao chegar aos 60 mil alunos, um expressivo crescimento de 76,6% no espaço de apenas um ano.
A USP, terceira colocada agora, tem 35 mil alunos, segundo o censo do MEC, menos do que a metade dos alunos da Unip na graduação. Em 1991, a USP liderava esse ranking, enquanto Estácio e Unip nem apareciam na lista.
Das 20 que aparecem no ranking, 14 são instituições privadas.
Entre as dez maiores, a queda mais expressiva no ranking foi da UFRJ. Em 1991, ela ocupava a terceira posição. Em 2000, caiu para a sexta e, em 2001, chegou à nona posição. Com a queda, a instituição deixou de ser a maior universidade federal do país, posto agora ocupado pela UFPA (Universidade Federal do Pará).
A lista das dez maiores instituições desde 1991 reflete o quadro -já apontado por pesquisas anteriores do ministério- do aumento da participação do setor privado no ensino superior. Em 1991, seis das dez maiores instituições de ensino superior eram públicas. Em 2000, passaram a ser quatro. Em 2001, apenas três (USP, UFPA e UFRJ) constavam da lista das dez maiores.
Unip e Estácio usam estratégias diferentes de crescimento. A Unip, do empresário João Carlos Di Gênio, cresceu vertiginosamente usando, segundo o próprio, a estrutura da rede de escolas e cursos pré-vestibulares Objetivo, que pertence também a ele.
Os 40 campi da Unip, em geral, ficam próximos de escolas ou cursos do Objetivo, o que favoreceu a expansão, principalmente em cidades do interior de São Paulo. Além de São Paulo, a universidade abriu unidades em Goiás, no Amazonas e no Distrito Federal.
Desde 1996, quando foi realizado o primeiro Provão do MEC, a Unip obteve a maioria (51,6%) dos conceitos C, numa escala que vai de A, o melhor, a E, o pior.
A Estácio, do juiz aposentado João Uchôa Cavalcanti Netto, cresceu no Rio com uma estratégia agressiva de marketing combinada com uma política de expansão usando a infra-estrutura de colégios de ensino médio.
Em vez de construir novos prédios, a Estácio fez parcerias com colégios do Rio usando, principalmente à noite, o espaço cedido para criar novos cursos. Hoje, a instituição possui 27 campi.
A universidade também chegou a oferecer alguns cursos de graduação a R$ 150 mensais. Por isso, foi acusada pela concorrência de prática de dumping (venda por preço abaixo do custo para afastar concorrentes).
Assim como a Unip, a Estácio também tem uma maioria (60%) de conceitos C no Provão do Ministério da Educação.
Enquanto Unip e Estácio cresciam, USP e UFRJ apresentavam um quadro de queda ou de pequeno crescimento. De 2000 para 2001, a USP, segundo os dados do MEC, cresceu apenas 2%. A UFRJ apresentou queda de 10% no número de alunos na graduação.
A maioria (78,5%) dos conceitos da USP no Provão desde 1996 foi A ou B. Na UFRJ, essa porcentagem é maior ainda: 93% de conceitos A ou B.
A única instituição pública entre as maiores a apresentar crescimento significativo de 2000 para 2001 foi a UFPA, que cresceu 10% nesse período, passando de 23 mil para 28 mil alunos.
Pela primeira vez, um centro universitário aparece na lista das maiores instituições. A UniverCidade (Centro Universitário da Cidade), do Rio, já aparece como a 16ª maior instituição de ensino superior.


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