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FUMO
Ele nega ter beneficiado indústria
Professor vê "achismo" em análise de pesquisa
DA REPORTAGEM LOCAL
O professor Antonio Horácio
Miguel, que coordenava o grupo
de pesquisadores brasileiros que
recebeu financiamento da indústria do cigarro na década passada,
disse que as "insinuações" de que
o trabalho era fraudulento não
passam de "achismo".
A informação de que cientistas
brasileiros faziam trabalhos para
ajudar a indústria do tabaco a evitar o banimento do fumo em espaços fechados, revelada ontem
pela Folha, foi denunciada por
pesquisadores da Universidade
da Califórnia em Los Angeles
(Stanton Glantz e Joaquin Barnoya) e pela Opas (Organização
Pan-Americana de Saúde). A informação consta de documentos
da própria indústria.
James Repace, especialista em
fumo passivo e professor da escola de medicina da Tufts University, disse à Folha que se o trabalho foi financiado pela indústria,
"está garantido que é uma fraude". Para ele, os níveis de nicotina
que o grupo de Miguel encontrou
em restaurantes do Rio e São Paulo são baixos demais.
Para Miguel, ex-professor do
Instituto de Química da USP e diretor de um laboratório da Ucla
(Universidade da Califórnia em
Los Angeles), Repace só avaliou
uma entre 22 espécies químicas
estudadas.
A pesquisa do grupo brasileiro,
publicada em 1995 na revista
científica "Enviromental Science
& Technology", não foi avaliada
por advogados do escritório Covington & Burling, que trabalhava para a indústria do cigarro, argumenta Miguel. Eles receberam
cópia do texto porque representavam o financiador do trabalho, o
Ciar (Centro para a Pesquisa do
Ar em Ambientes Interiores).
Antes de o trabalho ser publicado, diz Miguel, ele foi analisado
por grupos de pesquisa ambiental
da Stanford University e do Lawrence Berkeley Laboratory. Ele
não cita nomes, porém.
"Desafio os acusadores a comprovarem que os resultados dos
nossos trabalhos foram alterados
para barrar a restrição ao fumo."
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