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São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 2003

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FUMO

Ele nega ter beneficiado indústria

Professor vê "achismo" em análise de pesquisa

DA REPORTAGEM LOCAL

O professor Antonio Horácio Miguel, que coordenava o grupo de pesquisadores brasileiros que recebeu financiamento da indústria do cigarro na década passada, disse que as "insinuações" de que o trabalho era fraudulento não passam de "achismo".
A informação de que cientistas brasileiros faziam trabalhos para ajudar a indústria do tabaco a evitar o banimento do fumo em espaços fechados, revelada ontem pela Folha, foi denunciada por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (Stanton Glantz e Joaquin Barnoya) e pela Opas (Organização Pan-Americana de Saúde). A informação consta de documentos da própria indústria.
James Repace, especialista em fumo passivo e professor da escola de medicina da Tufts University, disse à Folha que se o trabalho foi financiado pela indústria, "está garantido que é uma fraude". Para ele, os níveis de nicotina que o grupo de Miguel encontrou em restaurantes do Rio e São Paulo são baixos demais.
Para Miguel, ex-professor do Instituto de Química da USP e diretor de um laboratório da Ucla (Universidade da Califórnia em Los Angeles), Repace só avaliou uma entre 22 espécies químicas estudadas.
A pesquisa do grupo brasileiro, publicada em 1995 na revista científica "Enviromental Science & Technology", não foi avaliada por advogados do escritório Covington & Burling, que trabalhava para a indústria do cigarro, argumenta Miguel. Eles receberam cópia do texto porque representavam o financiador do trabalho, o Ciar (Centro para a Pesquisa do Ar em Ambientes Interiores).
Antes de o trabalho ser publicado, diz Miguel, ele foi analisado por grupos de pesquisa ambiental da Stanford University e do Lawrence Berkeley Laboratory. Ele não cita nomes, porém.
"Desafio os acusadores a comprovarem que os resultados dos nossos trabalhos foram alterados para barrar a restrição ao fumo."


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