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Irmão diz que mantém as buscas
DA REPORTAGEM LOCAL
Para Ivens Godinho, 52, irmão
de Ivandel Machado Godinho Júnior, o laudo do IML que aponta
os ossos achados como sendo de
animais vem apenas confirmar a
posição defendida pela família de
que o jornalista está vivo.
Logo após a prisão dos três suspeitos do seqüestro, Ivens defendeu essa posição e disse acreditar
que o irmão encontra-se em algum hospital do interior de São
Paulo ou Minas Gerais.
Ivens, que mora no Rio de Janeiro, afirma que recebeu diversas ligações de pessoas que teriam
visto Ivandel perambulando e
desmemoriado, mas, como os telefonemas pararam, a família
acredita que ele esteja recolhido
em algum hospital. Leia trecho da
entrevista concedida à Folha.
(CARLOS IAVELBERG)
Folha - Como a família recebeu a
notícia de que os ossos encontrados não eram de Ivandel?
Ivens Godinho - Desde a entrevista [concedida no dia seguinte à
prisão dos três suspeitos], estou
dizendo que o Ivandel está vivo e
só falta localizá-lo. Claro que esse
fato vem confirmar o que a gente
pensava e dá mais certeza de que
estamos no caminho certo. Muita
gente alega que a família não quer
aceitar a morte. Não é o nosso caso. Acho que a morte faz parte da
vida. Quem vive, vai morrer. Agora, vai morrer na hora certa e a
gente tem de ver o corpo.
Folha - Mesmo assim, muda alguma coisa para a família?
Godinho - Não. Isso deve mudar
para a polícia, que deve ingressar
em outro caminho. A gente continua enviando fotos do Ivandel
para todo o interior de São Paulo
e de Minas e buscando contato
com hospitais, pois acreditamos
que ele possa ter sido recolhido a
um local desses.
Folha - Qual a opinião da família
em relação à atuação da polícia?
Godinho - A polícia faz o melhor
que ela pode. Só que o melhor que
ela pôde não foi o suficiente. Tanto é que faz 15 meses que o meu irmão está desaparecido. Agora,
acho que tem pessoas bem intencionadas. E acho também que
houve essa falha nesse pronunciamento, dando toda a impressão
de que o Ivandel foi morto. Nos
último dias, passei a receber pêsames. Acho que, para fazer um
pronunciamento desse teor, que
vai levar sofrimento aos familiares e amigos do Ivandel, tem de
ser muito pensado, senão vira
uma ação leviana.
Folha - Como tem reagido o restante da família?
Godinho - Percebo que tem pessoas na minha família que ficaram abaladas. Mesmo que você
tenha essa crença, que em mim,
nos meus irmãos e na minha mãe
é muito forte, em outros familiares não é tão forte. Aí você vê na
televisão que o corpo foi encontrado, que foi queimado e levou
coronhada. Isso é um choque.
Folha - O senhor tem falado com
os filhos de Ivandel?
Godinho - Falo direto com os
maiores. Os menores a gente procura deixar longe do assunto.
Imagina um adolescentes e uma
criança pequena ouvirem que o
pai foi morto e queimado.
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