São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

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Irmão diz que mantém as buscas

DA REPORTAGEM LOCAL

Para Ivens Godinho, 52, irmão de Ivandel Machado Godinho Júnior, o laudo do IML que aponta os ossos achados como sendo de animais vem apenas confirmar a posição defendida pela família de que o jornalista está vivo.
Logo após a prisão dos três suspeitos do seqüestro, Ivens defendeu essa posição e disse acreditar que o irmão encontra-se em algum hospital do interior de São Paulo ou Minas Gerais.
Ivens, que mora no Rio de Janeiro, afirma que recebeu diversas ligações de pessoas que teriam visto Ivandel perambulando e desmemoriado, mas, como os telefonemas pararam, a família acredita que ele esteja recolhido em algum hospital. Leia trecho da entrevista concedida à Folha. (CARLOS IAVELBERG)

 

Folha - Como a família recebeu a notícia de que os ossos encontrados não eram de Ivandel?
Ivens Godinho -
Desde a entrevista [concedida no dia seguinte à prisão dos três suspeitos], estou dizendo que o Ivandel está vivo e só falta localizá-lo. Claro que esse fato vem confirmar o que a gente pensava e dá mais certeza de que estamos no caminho certo. Muita gente alega que a família não quer aceitar a morte. Não é o nosso caso. Acho que a morte faz parte da vida. Quem vive, vai morrer. Agora, vai morrer na hora certa e a gente tem de ver o corpo.

Folha - Mesmo assim, muda alguma coisa para a família?
Godinho -
Não. Isso deve mudar para a polícia, que deve ingressar em outro caminho. A gente continua enviando fotos do Ivandel para todo o interior de São Paulo e de Minas e buscando contato com hospitais, pois acreditamos que ele possa ter sido recolhido a um local desses.

Folha - Qual a opinião da família em relação à atuação da polícia?
Godinho -
A polícia faz o melhor que ela pode. Só que o melhor que ela pôde não foi o suficiente. Tanto é que faz 15 meses que o meu irmão está desaparecido. Agora, acho que tem pessoas bem intencionadas. E acho também que houve essa falha nesse pronunciamento, dando toda a impressão de que o Ivandel foi morto. Nos último dias, passei a receber pêsames. Acho que, para fazer um pronunciamento desse teor, que vai levar sofrimento aos familiares e amigos do Ivandel, tem de ser muito pensado, senão vira uma ação leviana.

Folha - Como tem reagido o restante da família?
Godinho -
Percebo que tem pessoas na minha família que ficaram abaladas. Mesmo que você tenha essa crença, que em mim, nos meus irmãos e na minha mãe é muito forte, em outros familiares não é tão forte. Aí você vê na televisão que o corpo foi encontrado, que foi queimado e levou coronhada. Isso é um choque.

Folha - O senhor tem falado com os filhos de Ivandel?
Godinho -
Falo direto com os maiores. Os menores a gente procura deixar longe do assunto. Imagina um adolescentes e uma criança pequena ouvirem que o pai foi morto e queimado.


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