São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2000


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ARTIGO

PAS, pioneiro mundial

TUFFIK MATTAR

Na Organização Mundial da Saúde, da ONU (Organização das Nações Unidas), em Viena, em 1980, ouvi relatos e observações de economistas técnicos e de médicos especialistas hospitalares defendendo as posições dos espaços que ocupam os hospitais na prestação dos serviços médicos.
Nas reuniões das quais participei, como membro da Comissão para Estudos dos Problemas dos Idosos, foi ressaltado que o problema da saúde não depende apenas da qualidade do conhecimento médico. O mundo inteiro está estudando cientificamente, com economistas, políticos, médicos e pesquisadores, a melhor solução para adaptar a prestação de serviços médicos ao povo e assegurar verbas permanentes e atualizadas, que acompanhem a velocidade das conquistas científicas.
Nenhum país poderá ficar à margem. As doenças são um problema de toda a humanidade.
Recentemente, entre 6 e 8 de novembro de 1999, em Pequim, na China comunista, o Ministério da Saúde do país fez realizar um encontro internacional que reuniu economistas técnicos da área da saúde, para debater uma reforma científica e econômica na prestação de serviços médicos, visando assegurar qualidade e possibilidade econômica para todos os países do mundo.
Além da China, representada por seleto grupo chefiado pelo seu ministro da Saúde, participaram da reunião especialistas econômicos e médicos de Harvard, representando a comissão americana, além de Jeremiah Norris, diretor da International Healthcare Partners/Washington, DC, do Conselho Atlântico dos EUA.
Os que tiverem o patriotismo, hoje em dia tão pouco citado, e alimentarem o princípio cristão de usar de honestidade para com o povo brasileiro ficarão por um lado estarrecidos de vergonha e por outro orgulhosos de ser brasileiros. O resultado final e as normas adotadas na reunião promovida pelo ministro da Saúde da China foram no sentido da criação de cooperativas, sendo citada como iniciativa pioneira a instituição do PAS (Plano de Assistência à Saúde) pela Prefeitura de SP.
Conjugando todos os setores governamentais, foi apontado como o caminho mais justo para o povo e para os profissionais da área médica e o mais eficiente na prestação de serviços. Os benefícios das cooperativas acarretarão outros fatores técnicos, estruturais e econômicos que permitirão atender a evolução do progresso da ciência e melhorar a qualidade do atendimento à população.
Os participantes da reunião foram unânimes em apontar os resultados positivos do PAS, admitindo que o princípio está certíssimo, dependendo, porém, de acompanhamento e apoio em algumas correções, visando aperfeiçoar o sistema de serviços.
Por outro lado, o que fizeram as lideranças deste país? Sociedade e segmentos políticos brasileiros, desde o ministro da Saúde, na época, contestaram e lutaram com todas as armas contra o PAS, indiferentes ao erro e ao crime que estavam praticando por incompetência sobre o assunto.
Colocaram acima de tudo o interesse pessoal e de grupos, ignorando a realidade oportuna do acerto técnico, científico e economicamente exequível. Foi necessário que o ministro da Saúde da China, apoiado por respeitáveis entidades internacionais, reconhecesse os benefícios do PAS e proclamasse ao mundo a necessidade das cooperativas médicas.
Aconselho a leitura do trabalho do ministro da Saúde da China. Escreva para a embaixada chinesa ou para o Conselho Atlântico dos Estados Unidos. A classe médica não pode ficar na dependência de interesses de grupos, por vez servindo de adubo político a milagreiros das urnas.
A dependência deve estar ligada apenas à técnica e à ciência, caso contrário o grande prejudicado continuará sendo o povo brasileiro, afogado na miséria, sob o olhar distante de figurões que se limitam a discutir vantagens e interesses próprios.


Tuffik Mattar, 78, médico imunologista, é presidente da Sociedade Paulista de Geriatria.


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