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CARNAVAL
A Unidos do Mundo contará com 300 estrangeiros, que formaram agremiações em seus países
Rio terá escola de samba de estrangeiros
ALEXANDRE MARON
da Sucursal do Rio
No dia 11 de fevereiro, no Desfile
das Campeãs do Carnaval da cidade do Rio, o Sambódromo abrigará uma escola de samba incomum. Serão cerca de 300 estrangeiros dançando ao ritmo da bateria da Unidos do Mundo.
Quem espera turistas desafinados e sem nenhum conhecimento
de samba pode se surpreender. Os
estrangeiros que desembarcam
no Rio no dia 4 de fevereiro, ainda
a tempo de assistir ao desfile do
Grupo Especial, são verdadeiros
amantes do samba e formaram
agremiações em todo o mundo.
Eles vêm de 13 países, entre eles
França, Finlândia, Polônia e Japão. O preço médio gasto ficou
em torno de US$ 1.000, por um
pacote de nove dias que inclui
passagem e estadia.
Durante o tempo que ficarão no
Rio, assistirão a workshops ministrados por pessoas como Neguinho da Beija-Flor e a porta-bandeira Selminha Sorriso.
"Eles não querem ser chamados
de turistas. São sambistas de todo
o mundo que amam o Carnaval
carioca", afirma Alessandra Pirotelli, 34. Ela dirige o Casarão das
Artes Carnavalescas (www.riocarnaval.com.br), que organiza a
escola de samba mundial e promove cursos para artesãos.
Alessandra conta que a idéia de
fazer a Unidos do Mundo surgiu
quando ela descobriu home pages
de agremiações carnavalescas em
todo o mundo. "Seus criadores
eram verdadeiros estudiosos do
nosso Carnaval. São mais de 300
em todo o mundo, 30 no Japão, 15
nos EUA. Fiquei impressionada."
Entre essas agremiações, ela
descobriu a SambaLA - "LA" de
Los Angeles, cidade-sede da escola de samba criada pelo norte-americano David de Hilster. "Seu
sonho era levar escolas de samba
de todo o mundo para um desfile
todo feito por estrangeiros. Mas
sabia que era uma idéia de difícil
execução."
A proposta de Alessandra foi
mais modesta, mas, ainda assim,
curiosa: montar uma escola onde
predominassem estrangeiros. Assim surgiu a Unidos do Mundo,
que junta aos 300 estrangeiros
mais 200 brasileiros, responsáveis
pela tarefa de garantir que as coisas funcionem com seus inexperientes companheiros.
O ator e diretor Ricardo Pavão
escolheu o enredo, "Rio 200 &
Samba", e, para pensar na evolução no Sambódromo, foi chamado o diretor teatral Amir Haddad.
Uma eleição na Internet escolheu
o cantor Martinho da Vila para
compor o samba enredo.
"Eu pensei, inicialmente, em fazer uma coisa meio "oba, oba", para turista mesmo. Mas pensei que
as pessoas iriam me cobrar algo
de boa qualidade e resolvi levar a
sério. Ficou um samba de brasileiro", conta Martinho.
A Sony, gravadora do sambista,
lançou um CD em edição limitada
(1.000 unidades) com a música
original e mais duas versões, uma
delas com voz e caixinha de fósforos e outra especialmente para karaokê. "Vai ajudar os gringos a
aprenderem o samba. Vão enrolar a língua para cantar. Vai ser
engraçado", diverte-se. A música,
nos formatos MP3 e Real Audio,
pode ser copiada no site
www.rio2000.org.
A escola de samba terá uma
porta-bandeira estrangeira, escolhida em votação durante os
workshops, e até um Rei Momo, o
norte- americano David Mazel,
com 150 kg, que tem o sugestivo
apelido de Bear (urso em inglês).
Mas o mais incrível será ouvir o
samba na boca do puxador de David de Hilster, da SambaLA, que
mal fala o português.
O desfile será uma encenação da
história do país e apresentará
também alusões à Internet, responsável pelo contato entre os
sambistas.
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