São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2000


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CARNAVAL
A Unidos do Mundo contará com 300 estrangeiros, que formaram agremiações em seus países
Rio terá escola de samba de estrangeiros

ALEXANDRE MARON
da Sucursal do Rio

No dia 11 de fevereiro, no Desfile das Campeãs do Carnaval da cidade do Rio, o Sambódromo abrigará uma escola de samba incomum. Serão cerca de 300 estrangeiros dançando ao ritmo da bateria da Unidos do Mundo.
Quem espera turistas desafinados e sem nenhum conhecimento de samba pode se surpreender. Os estrangeiros que desembarcam no Rio no dia 4 de fevereiro, ainda a tempo de assistir ao desfile do Grupo Especial, são verdadeiros amantes do samba e formaram agremiações em todo o mundo.
Eles vêm de 13 países, entre eles França, Finlândia, Polônia e Japão. O preço médio gasto ficou em torno de US$ 1.000, por um pacote de nove dias que inclui passagem e estadia.
Durante o tempo que ficarão no Rio, assistirão a workshops ministrados por pessoas como Neguinho da Beija-Flor e a porta-bandeira Selminha Sorriso.
"Eles não querem ser chamados de turistas. São sambistas de todo o mundo que amam o Carnaval carioca", afirma Alessandra Pirotelli, 34. Ela dirige o Casarão das Artes Carnavalescas (www.riocarnaval.com.br), que organiza a escola de samba mundial e promove cursos para artesãos.
Alessandra conta que a idéia de fazer a Unidos do Mundo surgiu quando ela descobriu home pages de agremiações carnavalescas em todo o mundo. "Seus criadores eram verdadeiros estudiosos do nosso Carnaval. São mais de 300 em todo o mundo, 30 no Japão, 15 nos EUA. Fiquei impressionada."
Entre essas agremiações, ela descobriu a SambaLA - "LA" de Los Angeles, cidade-sede da escola de samba criada pelo norte-americano David de Hilster. "Seu sonho era levar escolas de samba de todo o mundo para um desfile todo feito por estrangeiros. Mas sabia que era uma idéia de difícil execução."
A proposta de Alessandra foi mais modesta, mas, ainda assim, curiosa: montar uma escola onde predominassem estrangeiros. Assim surgiu a Unidos do Mundo, que junta aos 300 estrangeiros mais 200 brasileiros, responsáveis pela tarefa de garantir que as coisas funcionem com seus inexperientes companheiros.
O ator e diretor Ricardo Pavão escolheu o enredo, "Rio 200 & Samba", e, para pensar na evolução no Sambódromo, foi chamado o diretor teatral Amir Haddad. Uma eleição na Internet escolheu o cantor Martinho da Vila para compor o samba enredo.
"Eu pensei, inicialmente, em fazer uma coisa meio "oba, oba", para turista mesmo. Mas pensei que as pessoas iriam me cobrar algo de boa qualidade e resolvi levar a sério. Ficou um samba de brasileiro", conta Martinho.
A Sony, gravadora do sambista, lançou um CD em edição limitada (1.000 unidades) com a música original e mais duas versões, uma delas com voz e caixinha de fósforos e outra especialmente para karaokê. "Vai ajudar os gringos a aprenderem o samba. Vão enrolar a língua para cantar. Vai ser engraçado", diverte-se. A música, nos formatos MP3 e Real Audio, pode ser copiada no site www.rio2000.org.
A escola de samba terá uma porta-bandeira estrangeira, escolhida em votação durante os workshops, e até um Rei Momo, o norte- americano David Mazel, com 150 kg, que tem o sugestivo apelido de Bear (urso em inglês). Mas o mais incrível será ouvir o samba na boca do puxador de David de Hilster, da SambaLA, que mal fala o português.
O desfile será uma encenação da história do país e apresentará também alusões à Internet, responsável pelo contato entre os sambistas.


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