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Curso popular ajuda a passar
da Reportagem Local
Uma parte do sucesso de estudantes carentes no vestibular pode ser creditada a uma forma alternativa de estudar: os cursos
pré-vestibulares comunitários,
que cobram de R$ 10 a R$ 20 por
mês ou até atendem de graça.
Um curso pré-vestibular normal custa entre R$ 200 e R$ 600
mensais.
Um dos principais cursos comunitários é o Núcleo Pré-Vestibular para Negros e Carentes, do
movimento Educafro, no Rio.
Segundo o fundador do primeiro desses cursos, o frei David Santos, existem hoje 40 núcleos no
Rio e cerca de 30 em São Paulo.
Frei David diz a palavra "negro"
foi incluída no nome do curso para mostrar que um dos objetivos
do movimento é aumentar o número de negros na universidade.
Na opinião da professora Moema Teixeira, autora do estudo sobre negros na Universidade Federal Fluminense, enfocar o problema racial é uma aposta acertada.
"Quando se fala de exclusão social no Brasil, não se pode ignorar
que essa desigualdade tem cor",
afirma a professora.
São Paulo
As faculdades de São Paulo também mantêm iniciativas de cursinhos comunitários, muitos ministrados por ex-alunos da própria universidade.
Lidia Aparecida da Silva, 19,
afirma que a aprovação para o
curso de engenharia civil no vestibular da Unicamp ocorreu graças
aos estudos no cursinho da Faculdade de Engenharia Politécnica,
da USP.
"Lá a gente sente que não está
sozinho. Todos têm os mesmos
problemas de falta de grana e de
expectativas de cursar uma faculdade particular", diz.
Para Lidia, as iniciativas comunitárias deveriam se prolongar
mesmo após a aprovação no vestibular. "A prova é apenas um degrau de uma escadaria enorme
que os estudantes mais pobres
têm pela frente."
Ela afirma que pelo menos dois
amigos que também foram aprovados na Unicamp no ano passado deixaram de se matricular por
falta de condições financeiras para mudar da capital para o interior do Estado.
Para Maciel da Silva, 19, que entrou neste ano no curso de física
da USP, os cursinhos comunitários têm a vantagem de oferecer
aos alunos um ambiente bem menos competitivo.
"Quando a gente sofre junto, a
amizade é mais sincera", afirma
ela, que também estudou no cursinho da Poli.
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