São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2000


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Curso popular ajuda a passar

da Reportagem Local

Uma parte do sucesso de estudantes carentes no vestibular pode ser creditada a uma forma alternativa de estudar: os cursos pré-vestibulares comunitários, que cobram de R$ 10 a R$ 20 por mês ou até atendem de graça.
Um curso pré-vestibular normal custa entre R$ 200 e R$ 600 mensais.
Um dos principais cursos comunitários é o Núcleo Pré-Vestibular para Negros e Carentes, do movimento Educafro, no Rio.
Segundo o fundador do primeiro desses cursos, o frei David Santos, existem hoje 40 núcleos no Rio e cerca de 30 em São Paulo.
Frei David diz a palavra "negro" foi incluída no nome do curso para mostrar que um dos objetivos do movimento é aumentar o número de negros na universidade.
Na opinião da professora Moema Teixeira, autora do estudo sobre negros na Universidade Federal Fluminense, enfocar o problema racial é uma aposta acertada.
"Quando se fala de exclusão social no Brasil, não se pode ignorar que essa desigualdade tem cor", afirma a professora.

São Paulo
As faculdades de São Paulo também mantêm iniciativas de cursinhos comunitários, muitos ministrados por ex-alunos da própria universidade.
Lidia Aparecida da Silva, 19, afirma que a aprovação para o curso de engenharia civil no vestibular da Unicamp ocorreu graças aos estudos no cursinho da Faculdade de Engenharia Politécnica, da USP.
"Lá a gente sente que não está sozinho. Todos têm os mesmos problemas de falta de grana e de expectativas de cursar uma faculdade particular", diz.
Para Lidia, as iniciativas comunitárias deveriam se prolongar mesmo após a aprovação no vestibular. "A prova é apenas um degrau de uma escadaria enorme que os estudantes mais pobres têm pela frente."
Ela afirma que pelo menos dois amigos que também foram aprovados na Unicamp no ano passado deixaram de se matricular por falta de condições financeiras para mudar da capital para o interior do Estado.
Para Maciel da Silva, 19, que entrou neste ano no curso de física da USP, os cursinhos comunitários têm a vantagem de oferecer aos alunos um ambiente bem menos competitivo.
"Quando a gente sofre junto, a amizade é mais sincera", afirma ela, que também estudou no cursinho da Poli.



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