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Escolas temem desfile repetitivo
MÁRIO MOREIRA
da Sucursal do Rio
As 14 escolas de samba do Grupo Especial do Rio enfrentam este
ano um desafio em comum: abordar a história do Brasil -tradicionalmente uma das maiores
fontes de inspiração dos enredos
de Carnaval- sem cair na repetição e no déjà vu.
Com um desfile monotemático,
calcado nos 500 anos do país, cada agremiação pôde escolher, entre 21 temas históricos sugeridos
pela Liga Independente das Escolas de Samba, aquele que desejava
apresentar.
Alguns carnavalescos, porém,revelam preocupação com
possíveis repetições temáticas.
Para outros, trata-se apenas de
evitar fórmulas já testadas.
"Não vou criar uma visão nova
do Descobrimento a esta altura
do campeonato", afirma a carnavalesca Rosa Magalhães, da Imperatriz Leopoldinense, cujo enredo
enfoca a chegada dos portugueses
ao Brasil em 1500.
"Não me preocupo se o enredo
já foi feito ou não", diz Mauro
Quintaes, do Salgueiro, que vai
contar a passagem do Brasil-colônia a Reino Unido ao de Portugal
-período retratado diversas vezes em outros Carnavais.
O carnavalesco da Grande Rio,
Max Lopes, acredita que o desfile
deste ano pode ficar "entediante",
pela sucessão de temas históricos.
Em seu próprio enredo, ele tentará narrar os principais episódios
da história do país do ponto de
vista da reação popular.
"Vou mostrar que todos os
grandes momentos políticos do
Brasil acabaram em festa", diz.
Outro que diz ter encontrado
uma forma original de falar do
Brasil é Renato Lage, da Mocidade Independente. Ele foi o único a
desprezar inteiramente a idéia de
um enredo histórico: usará as cores da bandeira nacional para
exaltar o país.
"Vai ser muito sacal o desfile
calcado nos 500 anos. Vamos assistir a um festival de caravelas",
diz. "Nós viremos na contramão."
Na Beija-Flor, a comissão de
cinco carnavalescos preferiu exibir uma versão mítica da formação do povo brasileiro. "É uma visão onírica da história. A gente
gosta de coisa nova", alfineta Carlos Fernandes, o Shangai.
Outros temas já batidos ganharão abordagens aparentemente
novas. Na Mangueira, a saga dos
negros será simbolizada pela história de um deles, d. Obá 2º.
José Felix, da Portela, que retratará Getúlio Vargas, acredita que
dará uma roupagem nova ao tema. "O enfoque do enredo não é
laudatório, é imparcial. Vou falar
das realizações, mas também da
censura, da repressão."
Esses aspectos também estarão
presentes no desfile da União da
Ilha, sobre a resistência cultural
ao regime militar (1964-85).
No meio do tiroteio, Joãosinho
Trinta, da Viradouro, garante que
seu enredo ("Brasil: Visões de Paraísos e Infernos") abarcará os demais. "Tudo que passar antes estará presente na Viradouro, como
paraíso ou inferno."
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