São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2000


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ADMINISTRAÇÃO
Orçamento para conservação de corredores cai pelo 3º ano seguido; volume de tráfego aumenta
Verba de marginais sofre corte de 66%

GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local

A verba prevista para manutenção das marginais Tietê e Pinheiros, que formam o maior corredor viário urbano da América Latina, sofreu um corte de 66% no orçamento deste ano.
A Prefeitura de São Paulo baixou para R$ 5,5 milhões a verba destinada para a conta da conservação das marginais no orçamento. Em 99, o valor previsto para os dois corredores foi de R$ 15 milhões. E, mesmo assim, a prefeitura acabou usando menos de 10% desse valor. Segundo o SEO (Sistema de Execução Orçamentária), a prefeitura empenhou (reservou verba para o pagamento de obras contratadas) R$ 1,340 milhão.
Este é o terceiro ano consecutivo que a verba prevista para as marginais sofre redução (veja arte). Os cortes se chocam com uma tendência de aumento do volume de tráfego nas marginais. O resultado é uma aceleração da deterioração das pistas dos dois corredores, segundo engenheiros.
As marginais já apresentam pistas esburacadas, asfalto irregular e trechos que parecem verdadeiras "colchas de retalho" -por causa dos remendos feitos no asfalto- ao longo dos quase 50 quilômetros de extensão dos dois corredores.
Levantamento feito pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) indica que o volume de veículos que passam por dia pelas duas marginais aumentou 43,75% nos últimos quatro anos. Passou de 800 mil veículos por dia, na contagem feita em 95, para 1,150 milhão de veículos ao dia, na última avaliação feita em 99. É como se praticamente um a cada três carros que circulam diariamente pela cidade (3,5 milhões) usassem as marginais.

Consequências
O gerente da CET Ronaldo Camargo, responsável pela operação das marginais, afirmou que o crescimento do volume de veículos teve duas consequências práticas: um aumento de até 15 minutos no tempo necessário para percorrer as duas marginais, que hoje é de uma 1 hora e 40 minutos à tarde, e também um maior desgaste das pistas das marginais.
"Um número maior de veículos vai provocar uma deterioração mais rápida do asfalto. É como se um sobrado virasse um barzinho", disse Camargo.
O professor de transporte público da USP e consultor de transportes Jaime Waisman afirmou que a deficiência na manutenção é um dos fatores responsáveis pelo surgimento de vários buracos nas marginais, junto com a chuva e o alto volume de caminhões pesados que se utilizam das vias.
"Se não houvesse deficiência na manutenção do pavimento, os buracos não cresceriam tão rápido", disse Waisman.
Segundo o professor, a prefeitura também deveria adotar um programa permanente de recuperação das marginais a cada cinco anos. E não restringir a manutenção a uma ação mais simples, como operações tapa-buracos.
"A prefeitura erra ao não implantar programas de manutenção mais pesados e não fazer correções mais profundas. Ela atua apenas com uma conservação corriqueira", afirmou.


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