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ADMINISTRAÇÃO
Orçamento para conservação de corredores cai pelo 3º ano seguido; volume de tráfego aumenta
Verba de marginais sofre corte de 66%
GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local
A verba prevista para manutenção das marginais Tietê e Pinheiros, que formam o maior corredor viário urbano da América Latina, sofreu um corte de 66% no
orçamento deste ano.
A Prefeitura de São Paulo baixou para R$ 5,5 milhões a verba
destinada para a conta da conservação das marginais no orçamento. Em 99, o valor previsto para os
dois corredores foi de R$ 15 milhões. E, mesmo assim, a prefeitura acabou usando menos de 10%
desse valor. Segundo o SEO (Sistema de Execução Orçamentária), a prefeitura empenhou (reservou verba para o pagamento
de obras contratadas) R$ 1,340
milhão.
Este é o terceiro ano consecutivo que a verba prevista para as
marginais sofre redução (veja arte). Os cortes se chocam com uma
tendência de aumento do volume
de tráfego nas marginais. O resultado é uma aceleração da deterioração das pistas dos dois corredores, segundo engenheiros.
As marginais já apresentam pistas esburacadas, asfalto irregular e
trechos que parecem verdadeiras
"colchas de retalho" -por causa
dos remendos feitos no asfalto-
ao longo dos quase 50 quilômetros de extensão dos dois corredores.
Levantamento feito pela CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego) indica que o volume de
veículos que passam por dia pelas
duas marginais aumentou
43,75% nos últimos quatro anos.
Passou de 800 mil veículos por
dia, na contagem feita em 95, para
1,150 milhão de veículos ao dia, na
última avaliação feita em 99. É como se praticamente um a cada
três carros que circulam diariamente pela cidade (3,5 milhões)
usassem as marginais.
Consequências
O gerente da CET Ronaldo Camargo, responsável pela operação
das marginais, afirmou que o
crescimento do volume de veículos teve duas consequências práticas: um aumento de até 15 minutos no tempo necessário para percorrer as duas marginais, que hoje é de uma 1 hora e 40 minutos à
tarde, e também um maior desgaste das pistas das marginais.
"Um número maior de veículos
vai provocar uma deterioração
mais rápida do asfalto. É como se
um sobrado virasse um barzinho", disse Camargo.
O professor de transporte público da USP e consultor de transportes Jaime Waisman afirmou
que a deficiência na manutenção
é um dos fatores responsáveis pelo surgimento de vários buracos
nas marginais, junto com a chuva
e o alto volume de caminhões pesados que se utilizam das vias.
"Se não houvesse deficiência na
manutenção do pavimento, os
buracos não cresceriam tão rápido", disse Waisman.
Segundo o professor, a prefeitura também deveria adotar um
programa permanente de recuperação das marginais a cada cinco
anos. E não restringir a manutenção a uma ação mais simples, como operações tapa-buracos.
"A prefeitura erra ao não implantar programas de manutenção mais pesados e não fazer correções mais profundas. Ela atua
apenas com uma conservação
corriqueira", afirmou.
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