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SAÚDE
Terapia ajuda a tratar distúrbios da memória
ALCINO BARBOSA JR.
especial para a Folha
Você esquece onde deixou os
óculos ou em que lugar guardou
aquele livro antigo? Lapsos de
memória são comuns, mas em alguns casos podem ser sinal de
doença.
A compreensão dos mecanismos biológicos da memória cresceu nos últimos anos (veja ilustração). Por isso, psicólogos, neurologistas e psiquiatras já são capazes de aliviar os sintomas de
quem tem esses distúrbios.
As causas de distúrbios da memória são a ansiedade, a depressão, o alcoolismo, o uso de drogas, as doenças degenerativas
(mal de Alzheimer, por exemplo),
os acidentes vasculares cerebrais
("derrames") e os traumatismos
crânio-encefálicos.
Segundo Cássio de Campos
Bottino, coordenador da Clínica
de Memória do Instituto de Psiquiatria da USP, "nos indivíduos
jovens, a causa mais comum de
esquecimentos é o estresse".
"Hoje em dia, com o mercado
de trabalho muito competitivo, as
pessoas estão mais estressadas e
apresentam mais lapsos de memória. Isso provoca cobranças no
emprego. A ansiedade aumenta e
causa mais lapsos, criando um ciclo vicioso", acrescenta Bottino.
Nesses casos, não existem remédios que melhorem o desempenho da memória. O paciente
precisa apenas de orientação psicológica.
"A pessoa que acha que está
com a memória ruim deve se perguntar qual o impacto desses lapsos no trabalho, na escola ou nos
afazeres domésticos", recomenda
Paulo Bertolucci, chefe do ambulatório de neurologia comportamental do Hospital São Paulo.
A psicóloga do Centro Paulista
de Neuropsicologia, Ruth Ferreira dos Santos, afirma que "é necessário avaliar objetivamente a
memória, a atenção e a linguagem, entre outras funções".
Para isso, os psicólogos utilizam
baterias de testes. Cada bateria
tem em média dez questionários.
"Em geral, são necessárias 3 ou 4
sessões de duas horas para aplicar
esses testes", disse Ruth.
"Perda de memória"
"Nos idosos, a causa mais comum de déficit de memória é o
declínio cognitivo leve, antigamente chamado de perda de memória relacionada à idade", afirma Bertolucci.
"Segundo estudos nos EUA e na
Europa, essa doença acomete de
20% a 40% dos maiores de 60
anos", diz Cássio Bottino, da USP.
O declínio cognitivo leve (perda
de memória em pessoas com
mais de 60 anos) não é uma doença grave. Seu tratamento consiste
na reabilitação. "O paciente passa
por um treinamento, uma orientação para a realidade, usando estímulos temporais, espaciais e
biográficos", disse Bottino.
Os pacientes portadores de declínio cognitivo leve apresentam
risco maior de desenvolver demência. "Enquanto na população
normal, o risco de demência é de
1% a 2%, nesses pacientes, ele sobe para 8% a 15%", diz Bertolucci.
A vitamina E tem sido usada para prevenir a progressão do declínio cognitivo leve para demência.
A perda de memória provocada
pelas doenças degenerativas, como o Mal de Alzheimer, é tratada
com medicações que aumentam
o neurotransmissor responsável
pela memória. A eficácia dessas
drogas (rivastigmina, donepezil e
galantamina) no declínio cognitivo leve está em estudo.
Informações e agendamento de consultas - Clínica de Memória e Proter
(Projeto Terceira Idade) do Instituto de
Psiquiatria da USP tel.: 0/xx/11/ 3069-6973; Centro Paulista de Neuropsicologia tel.: 0/ xx/11/575-1677
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