São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2000


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SAÚDE

Terapia ajuda a tratar distúrbios da memória

ALCINO BARBOSA JR.
especial para a Folha

Você esquece onde deixou os óculos ou em que lugar guardou aquele livro antigo? Lapsos de memória são comuns, mas em alguns casos podem ser sinal de doença.
A compreensão dos mecanismos biológicos da memória cresceu nos últimos anos (veja ilustração). Por isso, psicólogos, neurologistas e psiquiatras já são capazes de aliviar os sintomas de quem tem esses distúrbios.
As causas de distúrbios da memória são a ansiedade, a depressão, o alcoolismo, o uso de drogas, as doenças degenerativas (mal de Alzheimer, por exemplo), os acidentes vasculares cerebrais ("derrames") e os traumatismos crânio-encefálicos.
Segundo Cássio de Campos Bottino, coordenador da Clínica de Memória do Instituto de Psiquiatria da USP, "nos indivíduos jovens, a causa mais comum de esquecimentos é o estresse".
"Hoje em dia, com o mercado de trabalho muito competitivo, as pessoas estão mais estressadas e apresentam mais lapsos de memória. Isso provoca cobranças no emprego. A ansiedade aumenta e causa mais lapsos, criando um ciclo vicioso", acrescenta Bottino.
Nesses casos, não existem remédios que melhorem o desempenho da memória. O paciente precisa apenas de orientação psicológica.
"A pessoa que acha que está com a memória ruim deve se perguntar qual o impacto desses lapsos no trabalho, na escola ou nos afazeres domésticos", recomenda Paulo Bertolucci, chefe do ambulatório de neurologia comportamental do Hospital São Paulo.
A psicóloga do Centro Paulista de Neuropsicologia, Ruth Ferreira dos Santos, afirma que "é necessário avaliar objetivamente a memória, a atenção e a linguagem, entre outras funções".
Para isso, os psicólogos utilizam baterias de testes. Cada bateria tem em média dez questionários. "Em geral, são necessárias 3 ou 4 sessões de duas horas para aplicar esses testes", disse Ruth.

"Perda de memória"
"Nos idosos, a causa mais comum de déficit de memória é o declínio cognitivo leve, antigamente chamado de perda de memória relacionada à idade", afirma Bertolucci.
"Segundo estudos nos EUA e na Europa, essa doença acomete de 20% a 40% dos maiores de 60 anos", diz Cássio Bottino, da USP.
O declínio cognitivo leve (perda de memória em pessoas com mais de 60 anos) não é uma doença grave. Seu tratamento consiste na reabilitação. "O paciente passa por um treinamento, uma orientação para a realidade, usando estímulos temporais, espaciais e biográficos", disse Bottino.
Os pacientes portadores de declínio cognitivo leve apresentam risco maior de desenvolver demência. "Enquanto na população normal, o risco de demência é de 1% a 2%, nesses pacientes, ele sobe para 8% a 15%", diz Bertolucci.
A vitamina E tem sido usada para prevenir a progressão do declínio cognitivo leve para demência.
A perda de memória provocada pelas doenças degenerativas, como o Mal de Alzheimer, é tratada com medicações que aumentam o neurotransmissor responsável pela memória. A eficácia dessas drogas (rivastigmina, donepezil e galantamina) no declínio cognitivo leve está em estudo.


Informações e agendamento de consultas - Clínica de Memória e Proter (Projeto Terceira Idade) do Instituto de Psiquiatria da USP tel.: 0/xx/11/ 3069-6973; Centro Paulista de Neuropsicologia tel.: 0/ xx/11/575-1677



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