São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2002

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URBANIDADE

Professor de brinquedo

GILBERTO DIMENSTEIN
COLUNISTA DA FOLHA

Professor de marketing industrial da Fundação Getúlio Vargas, José Carlos Teixeira Ferreira é um disputado consultor de empresas nacionais e multinacionais. Mas ele gosta mesmo é de ser professor de brinquedo, uma espécie de Gepeto com habilidades eletrônicas.
A paixão vai a tal ponto que, mensalmente, ele tira R$ 15 mil do próprio bolso para equilibrar o orçamento do "Tempo & Espaço", um galpão onde crianças e adolescentes, de escolas privadas e públicas, são orientados a fazer invenções. Dos projetos rabiscados nas pranchetas com a ajuda de engenheiros, alguns deles aposentados, saem aviões, robôs, marionetes controladas por computador e até um kart com motor elétrico. Ou, simplesmente, carrinhos de madeira e bonecos de pano. "Os empresários ficam impressionados com as engenhocas desenvolvidas", orgulha-se José Carlos, que, quando era criança, adorava construir aviões com o pai e, depois, adulto, divertia-se consertando brinquedos dos filhos dos amigos.
Hoje exilada na Granja Viana, um rico condomínio situado em Cotia, onde José Carlos vive, a oficina, a partir de março, vai funcionar também em São Paulo. Desta vez, uma inovação: eles vão tentar inventar, com o brinquedo, um jeito de fazer a cidade melhor. "Empreendedor é o sujeito que cria soluções, executa projetos diferenciados e tem a construtiva capacidade de combinar a arte de pensar com a arte de fazer", diz.
Além dos projetos individuais, os alunos serão convidados a desenvolver modelos para serem entregues a brinquedotecas de escolas públicas, onde fariam o papel de monitores. "Nessa experiência, vamos misturar inventividade com responsabilidade."
A experiência atraiu a atenção do Media Lab, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos -um dos principais centros de desenvolvimento de novas tecnologias aplicadas à educação do mundo. "Uma oficina de brinquedos é o lugar ideal para aprender, de verdade, ciências, em vez de ficar apenas memorizado fórmulas aborrecidas", acredita David Cavallo, pesquisador do Media Lab, interessado em projetos de inclusão digital no Terceiro Mundo.
A idéia é fazer daquela oficina, adaptado à realidade paulistana, um laboratório para a produção de manuais, que mostrariam às escolas como usar, com prazer, o cotidiano como estímulo ao aprendizado de ciências.

E-mail - gdimen@uol.com.br



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