São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2002

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Advogado da facção culpa governo

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Anselmo Neves Maia, 57, um dos criminalistas que defendem integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), diz que a série de rebeliões em São Paulo é resultado de uma política de maus-tratos e injustiças que, segundo ele, foi ampliada recentemente pelas direções dos presídios.
"A histeria sobre segurança pública, que tomou conta da classe média e da TV, acabou provocando um endurecimento no tratamento aos presos, que já era uma ilegalidade só", afirma Maia, que é pré-candidato do PMN a deputado federal com apoio do PCC e de familiares de detentos.
Na mensagem atribuída à organização criminosa, encontrada no local do atentado de anteontem à Secretaria da Administração Penitenciária, há um menção às próximas eleições.
O alerta, na interpretação do advogado, mostra que os presos terão representantes no pleito -como o seu caso- e indica ainda a possibilidade de interferir na opinião dos eleitores, com rebeliões e "atentados políticos".
Ex-presidiário -cumpriu pena de cinco anos, condenado por tráfico de drogas-, Maia reclama da forma como a imprensa dá credibilidade ao que as direções de presídios divulgam sobre as rebeliões.
"Claro que há conflito entre alguns grupos de presos, mas essa foi a melhor maneira que a polícia encontrou para esconder seus crimes e massacres", afirma.
A crise da segurança pública, segundo ele, reforçou os abusos e irregularidades contra a população carcerária: "Milhares de presos que já cumpriram penas agora não terão mesmo a chance da liberdade, ainda que isso implique atropelamento da lei", afirma Maia, advogado de mais de uma centena de detentos na Capital e no interior do Estado.
Para ele, nenhuma autoridade terá coragem de fazer valer a legalidade de detentos pobres, sob pena de causar prejuízos eleitorais para o governo.



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