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Advogado da facção culpa governo
XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL
O advogado Anselmo Neves Maia, 57, um dos criminalistas que defendem integrantes do PCC (Primeiro
Comando da Capital), diz
que a série de rebeliões em
São Paulo é resultado de
uma política de maus-tratos
e injustiças que, segundo ele,
foi ampliada recentemente
pelas direções dos presídios.
"A histeria sobre segurança pública, que tomou conta
da classe média e da TV, acabou provocando um endurecimento no tratamento
aos presos, que já era uma
ilegalidade só", afirma Maia,
que é pré-candidato do
PMN a deputado federal
com apoio do PCC e de familiares de detentos.
Na mensagem atribuída à
organização criminosa, encontrada no local do atentado de anteontem à Secretaria da Administração Penitenciária, há um menção às
próximas eleições.
O alerta, na interpretação
do advogado, mostra que os
presos terão representantes
no pleito -como o seu caso- e indica ainda a possibilidade de interferir na opinião dos eleitores, com rebeliões e "atentados políticos".
Ex-presidiário -cumpriu
pena de cinco anos, condenado por tráfico de drogas-, Maia reclama da forma como a imprensa dá credibilidade ao que as direções
de presídios divulgam sobre
as rebeliões.
"Claro que há conflito entre alguns grupos de presos,
mas essa foi a melhor maneira que a polícia encontrou
para esconder seus crimes e
massacres", afirma.
A crise da segurança pública, segundo ele, reforçou os
abusos e irregularidades
contra a população carcerária: "Milhares de presos que
já cumpriram penas agora
não terão mesmo a chance
da liberdade, ainda que isso
implique atropelamento da
lei", afirma Maia, advogado
de mais de uma centena de
detentos na Capital e no interior do Estado.
Para ele, nenhuma autoridade terá coragem de fazer
valer a legalidade de detentos pobres, sob pena de causar prejuízos eleitorais para o governo.
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