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Morre aos 87 o jornalista Noé Gertel
DA REPORTAGEM LOCAL
Morreu na madrugada de segunda-feira, aos 87 anos, em
consequência de complicações
cardíacas, o jornalista Noé Gertel, que trabalhou durante 25
anos no Grupo Folha e foi símbolo da luta pela liberdade de
imprensa nos anos que se seguiram ao Estado Novo (1937-45) de Getúlio Vargas.
Como repórter da "Folha da
Noite", Gertel chegou a ser julgado por suposto crime de imprensa, em 1950, depois de ter
divulgado trechos de um memorando assinado por guardas
civis estaduais em que era criticada a atuação de um ex-diretor da corporação e de se recusar a identificar suas fontes.
O jornalista foi absolvido por
unanimidade pelo Tribunal Especial de São Paulo.
Antes disso, porém, Gertel já
tinha uma conhecida história
de militância política. Membro
do Partido Comunista desde a
juventude, ajudou a organizar,
em São Paulo, uma seção do
Movimento Estudantil da Luta
Contra a Guerra Imperialista e
o Fascismo.
Foi preso em 1939 e permaneceu por cinco anos encarcerado na Ilha Grande, ao lado de
outros líderes comunistas, como Agildo Barata e Carlos Marighella. Depois de cumprir a
pena e deixar a prisão, foi chefe
de Redação do jornal "Hoje",
do Partido Comunista, que circulou por dois anos, enquanto
o PC esteve na legalidade. Em
1947 foi preso outra vez; e o jornal, fechado.
Em liberdade novamente, ingressou no Grupo Folha, de onde só saiu para a aposentadoria. Além de repórter, foi chefe
de Redação e crítico de cinema
-quando liderou a campanha
pela liberação do filme Rio
40C, de Nelson Pereira dos
Santos, que estava censurado.
Deixa dois filhos e dois netos.
Seu corpo foi sepultado anteontem no Cemitério Israelita
de São Paulo.
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