São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2002

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Morre aos 87 o jornalista Noé Gertel

DA REPORTAGEM LOCAL

Morreu na madrugada de segunda-feira, aos 87 anos, em consequência de complicações cardíacas, o jornalista Noé Gertel, que trabalhou durante 25 anos no Grupo Folha e foi símbolo da luta pela liberdade de imprensa nos anos que se seguiram ao Estado Novo (1937-45) de Getúlio Vargas.
Como repórter da "Folha da Noite", Gertel chegou a ser julgado por suposto crime de imprensa, em 1950, depois de ter divulgado trechos de um memorando assinado por guardas civis estaduais em que era criticada a atuação de um ex-diretor da corporação e de se recusar a identificar suas fontes.
O jornalista foi absolvido por unanimidade pelo Tribunal Especial de São Paulo.
Antes disso, porém, Gertel já tinha uma conhecida história de militância política. Membro do Partido Comunista desde a juventude, ajudou a organizar, em São Paulo, uma seção do Movimento Estudantil da Luta Contra a Guerra Imperialista e o Fascismo.
Foi preso em 1939 e permaneceu por cinco anos encarcerado na Ilha Grande, ao lado de outros líderes comunistas, como Agildo Barata e Carlos Marighella. Depois de cumprir a pena e deixar a prisão, foi chefe de Redação do jornal "Hoje", do Partido Comunista, que circulou por dois anos, enquanto o PC esteve na legalidade. Em 1947 foi preso outra vez; e o jornal, fechado.
Em liberdade novamente, ingressou no Grupo Folha, de onde só saiu para a aposentadoria. Além de repórter, foi chefe de Redação e crítico de cinema -quando liderou a campanha pela liberação do filme Rio 40C, de Nelson Pereira dos Santos, que estava censurado.
Deixa dois filhos e dois netos. Seu corpo foi sepultado anteontem no Cemitério Israelita de São Paulo.



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