São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Total de mortes no Estado já supera o de 2001

DA SUCURSAL DO RIO

A Prefeitura do Rio não está conseguindo atender a todos os pedidos de erradicação de focos do Aedes aegypti feitos pela população por meio do Disque-Dengue, o que está contribuindo para o alastramento do mosquito.
Enquanto isso, o número de óbitos em consequência da dengue no Estado, em menos de dois meses, já chega a 13, superando os 12 casos registrados em 2001.
Ontem, a prefeitura confirmou mais duas mortes -uma moradora de Ipanema (zona sul), de 81 anos, e outra residente do Rocha (zona norte), de 87 anos- ocorridas na cidade, elevando para dez as vítimas da dengue na capital. Segundo o novo balanço, são 9.264 casos notificados, dos quais 217 do tipo hemorrágico.
Segundo Oscar Berro, superintendente estadual de saúde e presidente do Noel Nutels, instituto responsável pelos diagnósticos, o número de mortos, entretanto, pode ser ainda maior. "Até ontem [anteontem", a secretaria estadual estava investigando a morte de 16 pessoas, suspeitas de terem sido causadas pela dengue."
Apesar da parceria firmada entre a prefeitura e a Comlurb (Companhia de Limpeza Urbana), criando o Disque-Dengue para atender a todos os pedidos de eliminação de focos do mosquito, grande parte dos pedidos estão deixando de ser atendidos.
O Disque-Dengue opera com 45 funcionários que trabalham 24 horas por dia se revezando em quatro turnos. Sua função é registrar as chamadas e repassar as informações à Secretaria de Saúde para que os agentes possam visitar as residências.
O serviço, entretanto, ficou sobrecarregado e não consegue atender à demanda da epidemia. Segundo a secretaria, os funcionários estão recebendo, em média, 1.200 ligações por dia, muito acima das 60 chamadas diárias do ano passado. Só em janeiro, foram registrados 15.436 pedidos -no total, foram 22.021 em 2001.
A secretaria alega que já aumentou o número de funcionários, de 35 para 45, mas admite que ainda é insuficiente. Ao todo, 2.600 pessoas trabalham no combate à dengue na cidade -1.800 agentes da prefeitura e da Fundação Nacional de Saúde que já atuavam na capital e 800 que foram deslocados de outros Estados.
Além da falta de pessoal, a eliminação dos focos também é dificultada pelo grande número de prédios e casas fechados ou abandonados na cidade, locais onde os agentes ficam impedidos de entrar. Estudo da prefeitura revelou que, para cada sete domicílios com moradores, existe um vazio.
Nos próximos dias, o Estado vai receber a ajuda de mil homens do Exército e da Marinha que vão atuar como "mata-mosquitos". Uma parcela deles também vai ser treinada para diagnosticar a doença. O objetivo é desafogar o instituto Noel Nutels que recebe, em média, 3.000 amostras por dia.



Texto Anterior: Dengue: Ministério vai treinar médicos do Rio
Próximo Texto: Infarto agudo pode esconder os sintomas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.