São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

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VIOLÊNCIA

Rapaz morreu após ser preso

34 são afastados após morte de jovem no ES

DA AGÊNCIA FOLHA

O secretário da Segurança Pública do Espírito Santo, Rodney Rocha Miranda, afastou anteontem 34 policiais que estavam de plantão no DPJ (Departamento de Polícia Judiciária) de Vila Velha, na noite em que Thiago Luís Nascimento, 18, foi morto após ter sido detido pela Polícia Civil.
Na quarta-feira, uma manifestação com o corpo do jovem atravessou o centro de Vitória até a frente do Palácio Anchieta (sede do governo estadual). A passeata foi organizada pela Associação de Mães e de Familiares de Vítimas da Violência e o Movimento Nacional de Direitos Humanos.
No dia 5 de dezembro, Nascimento foi detido com um amigo por porte ilegal de arma. O amigo assumiu o crime e foi liberado. Nascimento, que não portava documentos, permaneceu preso. A irmã do jovem, Caroline Nascimento, foi chamada para levar os documentos até a DPJ. Segundo ela, quando chegou, foi informada de que o irmão havia sido liberado duas horas antes.
No dia seguinte, um corpo carbonizado sobre pneus foi encontrado em um terreno próximo ao DPJ. Exame de DNA, liberado na última terça-feira, confirmou que o corpo era de Nascimento. A mãe do jovem, Raimunda, 45, disse que não deixará o caso ficar impune. "Estão me ameaçando. Podem me matar, mas não vou deixar o caso morrer", disse.
O secretário da Segurança disse que todos os 34 policiais que estavam de plantão na noite do crime (31 investigadores, dois delegados e um escrivão) estão à disposição da Corregedoria de Polícia até o esclarecimento dos fatos.
"Por enquanto, os indícios apontam para, pelo menos, o envolvimento de policiais [no assassinato]. Uma pessoa entra em uma delegacia como testemunha, é dito para os familiares que ele não seria liberado porque estava sem documentos. Depois a pessoa desaparece e aparece no dia seguinte carbonizada. Isso nos leva a concluir que, no mínimo, houve omissão da polícia."


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