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CARNAVAL SOB SUSPEITA
Ao menos quatro líderes do jogo do bicho que patrocinam os desfiles são processados; dois fugiram
Patronos de escolas de samba são réus no Rio
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Processos do TJ-RJ (Tribunal de
Justiça do Rio) indicam que pelo
menos quatro integrantes da cúpula do jogo do bicho com participação ativa nos desfiles das escolas de samba correm risco de
voltar para a cadeia devido a envolvimento em crimes de contravenção apurados na década de 90.
Dois deles estão foragidos.
Um deles é Luiz Pacheco Drummond, o Luizinho Drummond,
patrono da Imperatriz Leopoldinense e ex-presidente da Liesa
(Liga Independente das Escolas
de Samba), que esteve preso na
década passada no processo da
então juíza Denise Frossard, que
condenou 14 contraventores por
formação de quadrilha em 1993.
Drummond foi um dos oito bicheiros condenados por corrupção ativa na ação penal resultante
da descoberta de fortalezas do jogo do bicho e da apreensão de livros contábeis da contravenção.
Eles foram acusados ainda de corrupção de funcionários públicos,
seqüestros e homicídios.
Condenado a nove anos, Drummond recorreu e aguarda o acórdão final do Supremo Tribunal
Federal. Responde em liberdade.
Outro banqueiro condenado no
mesmo processo é Carlos Teixeira
Martins, o Carlinhos Maracanã,
que foi presidente da Portela e
agora patrocina o carnaval da Estácio de Sá, campeã do grupo B. A
pena é de sete anos e seis meses.
Aguarda recurso em liberdade.
Na mesma ação penal, o bicheiro César Andrade, sobrinho de
Castor de Andrade, um dos maiores contraventores do Rio nas décadas de 80 e 90, foi condenado a
nove anos de prisão e já teve a sentença transitada em julgado (não
cabe mais recurso). É procurado
pela polícia assim como o primo
Rogério Andrade, condenado a 19
anos de prisão pela morte do bicheiro Paulinho Andrade, seu primo, em 1998.
Apesar de ser foragido da Justiça, Cesar foi homenageado no último desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel, escola
patrocinada pela família Andrade. O fato está sendo investigado
pelo Ministério Público Estadual,
que suspeita que houve apologia
ao crime organizado.
A mesma suspeita recai sobre a
Acadêmicos do Salgueiro, que
exibiu em seu desfile imagens de
Waldemir Paes Garcia, o Maninho, e de seu pai, Waldomiro
Paes Garcia, o Miro, mortos em
2004. Eles patrocinavam a escola.
Nova atividade
A prisão dos principais chefes
do bicho na década de 90 não acabou com o jogo, que continua
sendo praticado livremente pelas
ruas do Rio, mas fez com que os
contraventores diversificassem
seus negócios. Investigação da
polícia confirmou que os bicheiros passaram a controlar a exploração de máquinas caça-níqueis.
O inquérito apurou a destruição
de 400 máquinas no final do ano
passado e concluiu que o quebra-quebra se deveu a uma disputa
por territórios entre os bicheiros
Rogério Andrade e Fernando de
Miranda Iggnácio, genro de Castor de Andrade. Os equipamentos
destruídos tinham o selo da Adult
Fifty Games, supostamente controlada por Iggnácio.
Outro bicheiro que teria explorado as máquinas caça-níqueis é
Maninho, patrono do Salgueiro
assassinado no ano passado. Uma
das linhas de investigação sobre
sua morte é de que o crime estaria
ligado à disputa por pontos de
instalação de caça-níqueis.
As máquinas são instaladas
principalmente em bares e estão
funcionando por meio de liminares autorizadas pela Justiça. Há a
suspeita de que se trata de jogo de
azar, mas perícias nos equipamentos não comprovaram isso.
Policiais afirmaram que, quando não são donos das máquinas,
os banqueiros controlam o jogo
do mesmo jeito. Para que um
equipamento seja instalado, são
eles que dão autorização e exigem
que se coloquem o selo de uma
empresa e paguem mensalidade.
Para a polícia, essas empresas
estão em nome de testas-de-ferro
dos contraventores, e policiais fazem a segurança das firmas.
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