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País quer que Portugal
julgue dono do Bateau
da Sucursal do Rio
O ministro da Justiça, Renan Calheiros, encaminhou ontem ao Itamaraty pedido endereçado à Justiça portuguesa para que o português Álvaro Pereira da Costa, um
dos donos do Bateau Mouche, seja
processado naquele país pelo crime de homicídio culposo (não intencional), pelo qual foi condenado no Brasil.
O Bateau Mouche afundou na
festa de Ano Novo de 88 para 89,
no Rio, matando 55 pessoas. Além
de Costa, os espanhóis Faustino
Puertas Vidal e Avelino Fernandez
Rivera foram condenados a quatro
anos de prisão, pena que cumpriam em regime semi-aberto (só
dormiam na prisão), até que fugiram do país em abril de 94.
O Itamaraty informou que o processo será encaminhado imediatamente para a Embaixada do Brasil
em Portugal, que fará com que
chegue às mãos das autoridades
portuguesas. Segundo o Ministério da Justiça, não está sendo pedida a extradição de Costa porque a
legislação portuguesa não permite
a extradição de portugueses natos.
O espanhol Vidal foi preso no último dia 9 e colocado em seguida
em liberdade condicional, com a
obrigação de comparecer semanalmente ao juizado central de instrução da audiência nacional, em
Madri. Depois da prisão de Vidal,
Avelino se apresentou voluntariamente à Justiça e não foi preso com
a condição de se apresentar ao juizado nos dias 1º e 15 de cada mês,
enquanto durar o processo de extradição.
Vítimas
Parentes de vítimas do Bateau
Mouche revelaram-se mais esperançosos após o pedido de extradição dos espanhóis, encaminhado à
Espanha por Calheiros.
"Não queremos estar presos ao
tempo que passou. Nosso objetivo
é que se faça cumprir a pena que
aqueles criminosos merecem aqui
no Brasil. É uma forma de o país se
desvincular do estigma da impunidade e se redimir de um erro do
passado, que foi a lentidão da Justiça", disse Bernardo Amaral, presidente da Associação Bateau Mouche Nunca Mais e filho da atriz Yara Amaral, morta no acidente.
"Eu ainda não acredito na nossa
Justiça, porque não é possível nem
justificável a demora que aconteceu. Mas é uma ponta de esperança", disse Plínio Donadio, que perdeu a mulher quando completariam 30 anos de casados.
Na próxima quarta-feira, Calheiros embarcará para a Espanha levando documentos da ação judicial contra os dois espanhóis.
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