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Livro propõe polícia comunitária
da Reportagem Local
Se o governador Mário Covas
(PSDB) desse uma olhadinha no
livro "Police for the Future", do
norte-americano David Bayley,
pensaria duas vezes antes de assinar um cheque para a compra de
equipamentos policiais. Segundo
Bayley, só fazer compras é o caminho mais curto para o fracasso.
Bayley estudou as principais experiências policiais dos anos 80 e
início dos 90 em países de língua
inglesa e chegou a conclusões que
contrariam a lógica em curso na
polícia paulista. Só a polícia comunitária tem condições de reduzir o crime, segundo ele.
Equipamentos, dentro dessa lógica, são pouco mais do que fantasia. Carro de polícia? Não deve
ser a prioridade, segundo Luís
Antônio de Souza, que estuda
Bayley no Núcleo de Estudos da
Violência da USP.
Policiamento aleatório com veículo, como é feito em São Paulo,
não tem impacto sobre a criminalidade, segundo Bayley. Carro
também não serve para coibir um
dos principais braços da violência
-o crime organizado.
"A polícia deveria reduzir o uso
de carros e aumentar o policiamento a pé", sugere Souza. O policiamento a pé, segundo ele, cria
vínculos com a comunidade, e esses vínculos acabam redundando
em redução da violência.
Bayley é um defensor radical do
policiamento comunitário. Segundo ele, essa linha de ação deve
ser o cerne da polícia, não uma especialidade, como ocorre hoje em
São Paulo.
"O foco da polícia de São Paulo
está errado. A polícia não deveria
agir contra a criminalidade, mas
dentro da comunidade para evitar o crime", defende Souza.
A experiência com polícia comunitária no Jardim Ângela mostra que as teses de Bayley seriam
aplicáveis em São Paulo. Lá, os
crimes caíram cerca de 50% depois de um trabalho basicamente
preventivo.
As experiências de policiamento comunitário apontam que a
polícia sozinha é incapaz de reduzir a criminalidade. No Jardim
Ângela, o policiamento foi acompanhado de oferta de lazer para a
população mais pobre. Foram
construídas duas quadras de esporte, as escolas estaduais e municipais também abriram suas
quadras, e foi inaugurado um
parque ecológico na região, na
beira da represa de Guarapiranga.
(MCC)
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