São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 2000


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Livro propõe polícia comunitária

da Reportagem Local

Se o governador Mário Covas (PSDB) desse uma olhadinha no livro "Police for the Future", do norte-americano David Bayley, pensaria duas vezes antes de assinar um cheque para a compra de equipamentos policiais. Segundo Bayley, só fazer compras é o caminho mais curto para o fracasso.
Bayley estudou as principais experiências policiais dos anos 80 e início dos 90 em países de língua inglesa e chegou a conclusões que contrariam a lógica em curso na polícia paulista. Só a polícia comunitária tem condições de reduzir o crime, segundo ele.
Equipamentos, dentro dessa lógica, são pouco mais do que fantasia. Carro de polícia? Não deve ser a prioridade, segundo Luís Antônio de Souza, que estuda Bayley no Núcleo de Estudos da Violência da USP.
Policiamento aleatório com veículo, como é feito em São Paulo, não tem impacto sobre a criminalidade, segundo Bayley. Carro também não serve para coibir um dos principais braços da violência -o crime organizado.
"A polícia deveria reduzir o uso de carros e aumentar o policiamento a pé", sugere Souza. O policiamento a pé, segundo ele, cria vínculos com a comunidade, e esses vínculos acabam redundando em redução da violência.
Bayley é um defensor radical do policiamento comunitário. Segundo ele, essa linha de ação deve ser o cerne da polícia, não uma especialidade, como ocorre hoje em São Paulo.
"O foco da polícia de São Paulo está errado. A polícia não deveria agir contra a criminalidade, mas dentro da comunidade para evitar o crime", defende Souza.
A experiência com polícia comunitária no Jardim Ângela mostra que as teses de Bayley seriam aplicáveis em São Paulo. Lá, os crimes caíram cerca de 50% depois de um trabalho basicamente preventivo.
As experiências de policiamento comunitário apontam que a polícia sozinha é incapaz de reduzir a criminalidade. No Jardim Ângela, o policiamento foi acompanhado de oferta de lazer para a população mais pobre. Foram construídas duas quadras de esporte, as escolas estaduais e municipais também abriram suas quadras, e foi inaugurado um parque ecológico na região, na beira da represa de Guarapiranga. (MCC)




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