São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 2000


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Estado prende mal, afirma pesquisador

da Reportagem Local

A polícia paulista prendeu quase um Maracanã lotado no ano passado. Foram 116.574 prisões -no Maracanã, cabem 120 mil. Representa um aumento de 56,1% quando comparado aos números de 1996 (não há dados de 1995 porque a contabilidade das prisões começou a ser feita no segundo semestre desse ano).
A pergunta é óbvia: por que as prisões aumentaram e o crime não diminuiu? "Porque estão prendendo as pessoas erradas", diz Luís Antônio de Souza, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP. "A maioria dos presos cometeram delitos leves. São mais atos de incivilidade do que crimes".
O major Renato Penteado Perrenoud, chefe de comunicação social da Polícia Militar, diz que a culpa pela ineficácia das prisões não pode ser atribuída à PM, mas ao sistema de segurança pública.
"A polícia faz o que pode para quebrar o círculo vicioso da violência. Mas nós prendemos e os presos voltam para as ruas. Estamos cansados de prender alguém que havia sido solto dois dias antes", afirma.
Número de prisões, segundo o coronel José Vicente da Silva Filho, especialista em segurança pública, não serve para medir a eficácia da polícia. "O que interessa é a redução da criminalidade".
O melhor índice para medir eficiência é a redução de roubo e furto de veículos, segundo o coronel Silva Filho. O roubo e o furto de um carro, diferentemente do homicídio, obedecem a uma lógica geográfica, tanto que há mapas dos locais mais visados.
Aí, o desempenho da polícia é vexaminoso. Os roubos e furtos de veículos, entre 1995 e 1999, quase dobraram -houve um salto de 91,1% no período. Foi o segundo índice que mais cresceu -perde só para os demais tipos de roubo. Em 99, com orçamento recorde, um carro era furtado ou roubado no Estado a cada 2 minutos e 24 segundos. (MCC)




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