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Estado prende mal,
afirma pesquisador
da Reportagem Local
A polícia paulista prendeu quase um Maracanã lotado no ano
passado. Foram 116.574 prisões
-no Maracanã, cabem 120 mil.
Representa um aumento de
56,1% quando comparado aos
números de 1996 (não há dados
de 1995 porque a contabilidade
das prisões começou a ser feita no
segundo semestre desse ano).
A pergunta é óbvia: por que as
prisões aumentaram e o crime
não diminuiu? "Porque estão
prendendo as pessoas erradas",
diz Luís Antônio de Souza, pesquisador do Núcleo de Estudos da
Violência da USP. "A maioria dos
presos cometeram delitos leves.
São mais atos de incivilidade do
que crimes".
O major Renato Penteado Perrenoud, chefe de comunicação
social da Polícia Militar, diz que a
culpa pela ineficácia das prisões
não pode ser atribuída à PM, mas
ao sistema de segurança pública.
"A polícia faz o que pode para
quebrar o círculo vicioso da violência. Mas nós prendemos e os
presos voltam para as ruas. Estamos cansados de prender alguém
que havia sido solto dois dias antes", afirma.
Número de prisões, segundo o
coronel José Vicente da Silva Filho, especialista em segurança pública, não serve para medir a eficácia da polícia. "O que interessa é
a redução da criminalidade".
O melhor índice para medir eficiência é a redução de roubo e furto de veículos, segundo o coronel
Silva Filho. O roubo e o furto de
um carro, diferentemente do homicídio, obedecem a uma lógica
geográfica, tanto que há mapas
dos locais mais visados.
Aí, o desempenho da polícia é
vexaminoso. Os roubos e furtos
de veículos, entre 1995 e 1999,
quase dobraram -houve um salto de 91,1% no período. Foi o segundo índice que mais cresceu
-perde só para os demais tipos
de roubo. Em 99, com orçamento
recorde, um carro era furtado ou
roubado no Estado a cada 2 minutos e 24 segundos.
(MCC)
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