São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 2000


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CRISE
Soares corre risco de ser processado; PT vai rediscutir participação no governo
Policiais podem acionar ex-assessor

JACQUELINE FARID
enviada especial a Campos

O governo do Rio abriu uma ofensiva contra o ex-coordenador de Segurança e Cidadania Luiz Eduardo Soares, demitido na sexta-feira depois de denunciar a existência de uma "banda podre" na Polícia Civil do Estado.
O secretário da Segurança Pública, Josias Quintal, disse no fim-de-semana que as denúncias de Soares, que entregou ao governo os nomes de 20 policiais suspeitos, são "inconsistentes". Ele anunciou que Soares será processado por delegados da Polícia Civil. "Soares vai responder a partir de agora pela irresponsabilidade e por ter criado uma situação como essa", disse Quintal em Campos (278 km do Rio), onde foi um dos 800 convidados da festa de casamento da filha adotiva do governador Anthony Garotinho (PDT), Maria Aparecida, na noite do último sábado.
A crise na segurança desencadeou um novo embate do PDT com o PT. A executiva do PT se reunirá na próxima quinta-feira para discutir o assunto e levará a debate, mais uma vez, a permanência do partido no governo Garotinho, segundo informou o deputado estadual Chico Alencar, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Alerj (Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro).
"É a mais grave crise do governo", disse Alencar. "Conversando informalmente com pessoas das várias correntes do PT, vi que ninguém está engolindo essa. O Brizola tem razão, o Luiz Eduardo era o único formulador de política que pensava grande no governo estadual."
Alencar recriminou também a divulgação da escuta telefônica de conversa entre Garotinho e Luiz Eduardo. "Ele (Garotinho) inaugurou a espionagem interna."
Garotinho, por sua vez, disse que estava decidido a interpelar Soares judicialmente por sua declaração de que ele (o governador) havia se aliado à "banda podre". Mas mudou de idéia depois que o ex-coordenador explicou que não quis dizer que Garotinho "se locupletaria" com a aliança.
"Deixo isso (o processo) por conta da amizade que tivemos."
O fortalecimento do secretário Josias Quintal no governo Garotinho ficou claro no casamento de Maria Aparecida, quando ele foi quase tão procurado para fotos e apertos de mãos quanto o governador. O secretário disse lamentar que Soares tenha "criado um fato" e disse que "as pessoas porventura ofendidas certamente vão acioná-lo". Segundo ele, o ex-coordenador deveria aproveitar o questionamento judicial para provar suas denúncias.



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