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CRISE
Soares corre risco de ser processado; PT vai rediscutir participação no governo
Policiais podem acionar ex-assessor
JACQUELINE FARID
enviada especial a Campos
O governo do Rio abriu uma
ofensiva contra o ex-coordenador
de Segurança e Cidadania Luiz
Eduardo Soares, demitido na sexta-feira depois de denunciar a
existência de uma "banda podre"
na Polícia Civil do Estado.
O secretário da Segurança Pública, Josias Quintal, disse no fim-de-semana que as denúncias de
Soares, que entregou ao governo
os nomes de 20 policiais suspeitos, são "inconsistentes". Ele
anunciou que Soares será processado por delegados da Polícia Civil. "Soares vai responder a partir
de agora pela irresponsabilidade e
por ter criado uma situação como
essa", disse Quintal em Campos
(278 km do Rio), onde foi um dos
800 convidados da festa de casamento da filha adotiva do governador Anthony Garotinho
(PDT), Maria Aparecida, na noite
do último sábado.
A crise na segurança desencadeou um novo embate do PDT
com o PT. A executiva do PT se
reunirá na próxima quinta-feira
para discutir o assunto e levará a
debate, mais uma vez, a permanência do partido no governo Garotinho, segundo informou o deputado estadual Chico Alencar,
presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da
Alerj (Assembléia Legislativa do
Rio de Janeiro).
"É a mais grave crise do governo", disse Alencar. "Conversando
informalmente com pessoas das
várias correntes do PT, vi que ninguém está engolindo essa. O Brizola tem razão, o Luiz Eduardo
era o único formulador de política
que pensava grande no governo
estadual."
Alencar recriminou também a
divulgação da escuta telefônica de
conversa entre Garotinho e Luiz
Eduardo. "Ele (Garotinho) inaugurou a espionagem interna."
Garotinho, por sua vez, disse
que estava decidido a interpelar
Soares judicialmente por sua declaração de que ele (o governador) havia se aliado à "banda podre". Mas mudou de idéia depois
que o ex-coordenador explicou
que não quis dizer que Garotinho
"se locupletaria" com a aliança.
"Deixo isso (o processo) por
conta da amizade que tivemos."
O fortalecimento do secretário
Josias Quintal no governo Garotinho ficou claro no casamento de
Maria Aparecida, quando ele foi
quase tão procurado para fotos e
apertos de mãos quanto o governador. O secretário disse lamentar que Soares tenha "criado um
fato" e disse que "as pessoas porventura ofendidas certamente
vão acioná-lo". Segundo ele, o ex-coordenador deveria aproveitar o
questionamento judicial para
provar suas denúncias.
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