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Colcha lembra
parceiro morto
da Reportagem Local
O decorador Paulo Sérgio
Souza, 38, fez uma colcha
lembrando seu companheiro, o
técnico em edificações Léo Villanova, 47, morto pela Aids
em março do ano passado. Os
dois viveram juntos 15 anos.
Souza, que não está infectado, participa do projeto Retalhos, criado pelo Grupo
Pela Vidda (leia texto na página 3-7). A colcha mostra
um semáforo onde cada cor
é uma advertência.
``É mais um protesto'',
diz Souza. Ele se ``tortura''
por não ter podido ajudar o
companheiro. ``Ele escondeu tudo de mim, me traiu.
Eu sabia que ele saía com
outros, eu só pedia que se
cuidasse.''
Léo nunca revelou que estava com Aids e Souza só
soube da doença oito meses
antes de sua morte. ``Quando o médico contou que ele
já se tratava há três anos, eu
me revoltei. Eu queria ter
podido ajudar, mas ele preferiu o suicídio.''
Souza diz que vive cheio
de mágoa. ``Tínhamos
combinado que quem morresse primeiro voltaria para
buscar o outro. Ando pelas
ruas do bairro na esperança
de encontrá-lo. Venho aqui
no grupo para ver a cadeira
onde ele se sentava.''
Lena e Antonio Carlos se
conheceram no Grupo Pela
Vidda há dois anos. Os dois
tinham Aids, estavam sozinhos e se casaram. Formavam um par apaixonado,
dizem os amigos.
Lena morreu seis meses
atrás. Antonio Carlos, que
trabalhava como segurança
e estava bem de saúde, ajudou a fazer a colcha de Lena. A colcha tem flores de
todas as cores sobre um
fundo azul escuro. Quando
o trabalho ficou pronto,
Antonio Carlos caiu doente
e morreu depressa. Será o
próximo a ser homenageado.
(AB)
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