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São Paulo, domingo, 20 de abril de 2003

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Técnico perde sobrinha e cunhada

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O técnico em eletrônica Gersino Dutra Flaviano, 51, viajou de Belo Horizonte para Cabo Frio para passar o feriado da Semana Santa com 13 parentes e dois amigos. Ele estava no barco que adernou ontem na maior cidade da Região dos Lagos e conseguiu se salvar. Mas sua sobrinha Joyce dos Santos Dutra, 5, e sua cunhada Magna de Fátima dos Santos Dutra, 38, morreram.
"A sensação é muito ruim, você se sente impotente, as pessoas tentam se salvar, te agarram, você tenta salvar alguém e não consegue, mesmo sabendo que tem familiares", disse ele.
Sua maior preocupação, quando o barco virou, era salvar as três netas, duas de seis e uma de cinco anos, explicou. Flaviano disse ter ficado transtornado por estar no mar vendo pessoas se afogando sem que ele pudesse ajudá-las.
Ele disse que o acidente foi logo após o grupo haver parado para dar um mergulho na ilha do Papagaio. "Assim que o barco foi sair, quando fez a primeira curva à esquerda, o barco tombou. Provavelmente uma onda bateu nele, as pessoas todas tombaram para um lado. O barco virou e prendeu as pessoas embaixo dele", disse.
Flaviano disse que estava muito preocupado com o irmão, pai de Joyce: "Ele ficou sozinho, sem a mulher e sem a filha mais velha, só ele e uma menina de um ano".
Já a estudante Juliana Garcia disse que os responsáveis pelo barco só deixaram os passageiros que iriam mergulhar usar o colete salva-vidas. O cara proibiu [o uso do colete" quem não ia entrar na água. Depois disso, tinha de guardar o colete." Chorando muito, ela ainda contou que outros barcos passaram por eles, mas não prestaram socorro.
Na porta do IML, Eduardo Duerrato, 15, estava transtornado. Ele contou que quando o barco virou estava com a mãe, Sílvia, e a avó. A mãe desmaiou. Ele a abraçou e a manteve na superfície até serem resgatados por um barco particular. A mãe, ainda com problemas respiratórios, foi removida para o hospital Miguel Couto, no Rio, por helicóptero da Defesa Civil. Eduardo não viu mais a avó.
O acidente provocou uma comoção em Cabo Frio. As pessoas estavam desorientadas e buscavam informações sobre desaparecidos. O barco adernado foi rebocado para as proximidades da praia do Forte e virou, no final da tarde de ontem, uma atração para os habitantes e turistas.

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