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São Paulo, domingo, 20 de abril de 2003

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DROGAS

O objetivo é ampliar o atendimento aos usuários de drogas e de álcool, privilegiando a orientação de redução de danos

Governo quer mais 78 centros neste ano

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DA REPORTAGEM LOCAL

Com uma proposta de usar práticas terapêuticas que envolvam a sociedade e os gestores de saúde, o governo federal pretende implantar neste ano 78 novos CAPs (Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas), cujo objetivo é prestar atendimento diário aos usuários de drogas e álcool, privilegiando a redução de danos.
Apesar de não divulgar o valor, o Ministério da Saúde diz que os recursos para a expansão e manutenção da rede estão garantidos para cumprir a meta de ter um total de 120 CAPs em cidades com população igual ou superior a 200 mil habitantes até o fim do ano.
Em São Paulo, onde há oito CAPs na rede municipal, a prefeitura estima que seriam necessários um total de 39 -um para cada distrito de saúde.
Com a política que o Ministério da Saúde está implantando para a atenção a consumidores de drogas e álcool, o que se pretende, em linhas gerais, é: 1) descriminalizar o usuário para que ele seja tratado sob a ótica da saúde pública (e não policial); 2) diminuir o estigma e o preconceito relativos ao uso dessas substâncias por meio de atividades educativas e 3) minimizar as consequências do uso, aplicando a redução de danos.

Limites do usuário
"É preciso o debate com a sociedade e o setor legislativo em várias esferas para a otimização e a construção de arcabouços legais que amparem as ações necessárias. Descriminalizar uma conduta está longe de, necessariamente, significar uma ausência de qualquer controle sobre ela. Significa apenas afastar uma das formas pelas quais se exerce o controle social de condutas sem invadir o âmbito da liberdade individual", diz documento do ministério.
"Valorizamos o que o dependente consegue fazer", explica a psicanalista Ana Rosa Moreira, diretora de um CAPs da capital paulista, ao falar da redução de danos. Se o paciente deixa o crack mas ainda usa maconha, o serviço aceita a conduta -pois já houve uma diminuição de riscos por causa do tipo de droga- e respeita o tempo de recuperação.
Alguns serviços universitários usam a abstinência como meta e fazem testes, como o do bafômetro, para acompanhar o paciente.
"É complicado trabalhar com redução de danos com um adolescente que bebe um litro de pinga por dia", explica a enfermeira especialista em dependência química Márcia Fonsi, da Universidade Federal de São Paulo.
Especialistas concordam que o governo deverá ofertar no futuro uma gama de tratamentos. A Prefeitura de São Paulo informa que está capacitando equipes do Programa Saúde da Família para atender usuários.(LUCIANA CONSTANTINO e FABIANE LEITE)

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