São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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HABITAÇÃO

Entidades que promoveram as ocupações de ontem também apoiaram candidatos do PT nas últimas eleições

Grupos são ligados à CUT e à Igreja Católica

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de se declararem apartidárias, as quatro entidades que organizaram as ocupações de ontem são ligadas a grupos de esquerda, como a CUT ( Central Única dos Trabalhadores).
A CMP (Central dos Movimentos Populares), aliás, é a "irmã-pobre" da CUT, na definição de sua presidente, Maria das Graças Xavier, 38. Ela ressalva que o membro que decidir se lançar candidato por algum partido deve, antes, se desvincular da CMP.
Mas, nas demais entidades, o apoio a alguns candidatos é declarado. Segundo Antonio José de Araújo, coordenador-executivo do Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM), nas últimas eleições o grupo apoiou Luiz Inácio Lula da Silva e, no âmbito estadual, o deputado Ítalo Cardoso, presidente do PT paulistano.
"Nós apoiamos o programa do governo por achar que é mais comprometido com as nossas reivindicações, mas nem por isso achamos que tudo que eles fazem é certo", disse Araújo.
A deputada estadual Ana Martins (PC do B - SP) já foi presidente da Federação Estadual das Associações Comunitárias de São Paulo, ligada à Conam. O cargo também já foi ocupado por Wander Geraldo da Silva, atual presidente da Conam.
Grande parte dos grupos que promoveram as ocupações na madrugada de anteontem para ontem está filiada à UNMP, cujo surgimento está ligado à ação das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), da Igreja Católica. A principal fonte de financiamento, aliás, vem de entidades ligadas à Igreja Católica.
Segundo a presidente da Central dos Movimentos Populares, as contribuições para o movimento de habitação não são fixas -dependem das "necessidades da luta".
A proximidade que entidades ligadas à Igreja Católica mantém com o movimento de moradia tem sua razão de ser: assim como acontece no caso do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, muitas das principais lideranças dos sem-teto provêm dos seminários católicos, ou de movimentos apoiados firmemente pela Igreja, como as pastorais da Terra ou da Favela.
Além da igreja, a UNMP conta, como fonte de financiamento, com as contribuições das organizações que lhe são filiadas, segundo o critério da proporcionalidade. Assim, uma entidade com até 300 sócios contribui com 25% de salário mínimo por mês. De 300 a 500, paga meio salário mínimo. Entidades com mais de 500 associados contribuem com 75% do salário mínimo.
Considerando que a seção paulista da UNMP tem cerca de 200 entidades filiadas, e que todas paguem a cota média, a arrecadação resulta em R$ 24 mil diretamente provenientes "da base".


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