São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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MOBILIZAÇÃO

Pedreiro participou de cinco ocupações

Movimentos têm até invasor profissional

DA REPORTAGEM LOCAL

Por trás das barracas dos sem-teto paulistanos estão invasores profissionais. São integrantes dos multifacetados movimentos que, mesmo já tendo casa própria, lutam por um teto para parentes e amigos.
É o caso da aposentada Maria do Carmo Gabriel, 50, que, apesar de morar numa casa de alvenaria construída pelo marido, acampou ontem no terreno da CDHU no Jardim São Luiz. "É que meus cinco filhos ainda não têm", justifica. O sexto filho, conta, conseguiu um apartamento depois de ela ter invadido um terreno do Estado. "Para a classe pobre a única solução é ocupar e torcer", afirma.
O pedreiro José Pedro de Melo, 52, já contabiliza cinco invasões em seu currículo de associado a movimentos de habitação popular. Pernambucano de Garanhuns, terra natal de Lula, veio a São Paulo em 1977 com o mesmo sonho da família do presidente: "melhorar de vida e ter comida no prato".
O salário de pedreiro lhe permite alimentar a família, mas não tem conseguido pagar em dia a prestação de R$ 200 de sua casa. "Se não quitar o imóvel onde moro, podem tirar de mim."
No acampamento no terreno da CDHU no Jardim São Luiz, Melo e outros invasores viraram de lado uma caçamba metálica para recolher lixo e entulho e improvisaram a cobertura da barraca onde pretendem passar os próximos dias. O lixo espalhado pelo terreno provocou um cheiro desagradável.
A CDHU informou que entrará com pedido de reintegração de posse do terreno invadido.
(FABIO SCHIVARTCHE)


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