São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 2002

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TRÂNSITO

Com rearranjo do horário de viagens, porém, empresa avalia que congestionamentos não têm mais horário específico

CET abandona medidas "duras" de restrição

DA REPORTAGEM LOCAL

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) reconheceu a perda da eficácia do rodízio de veículos a partir do primeiro semestre de 2001, quando seus técnicos detectaram uma piora significativa da fluidez na cidade de São Paulo e apontaram a necessidade de preparar um novo modelo de restrição veicular.
A companhia iniciou um projeto para mudar as regras do atual rodízio, mas decidiu abandoná-lo temporariamente.
Atualmente, adotar medidas "duras" para limitar a utilização do automóvel é tema proibido na CET, até mesmo por causa do desgaste que isso traria ao governo Marta Suplicy.
"Na atual administração, não haverá nada mais drástico. Está fora de cogitação adotar um pedágio urbano ou endurecer as regras do rodízio, por exemplo", afirma Luís Antônio Seraphim, chefe da assessoria técnica da presidência da CET.
"Paramos de falar sobre essas coisas. Seria penalizar demais a população sem oferecer uma contrapartida. Primeiro a gente tem de estruturar a situação do transporte coletivo", completa.

Férias
O único "endurecimento" do rodízio feito pela CET até agora foi a manutenção da medida nas férias de julho desde 2000. Em 2002, pela primeira vez, a restrição voltou a ser fiscalizada no dia 21 de janeiro, ou seja, antes do fim das férias escolares.
As alternativas que chegaram a ser estudadas pela companhia previam outras mudanças, mais significativas.
Por exemplo, a ampliação da área de abrangência do rodízio, limitada atualmente ao centro expandido; a mudança dos horários, hoje restritos aos picos; e até mesmo a elevação das placas proibidas de circular diariamente.
Francisco Macena, presidente da CET, disse à Folha, em março do ano passado, que a ampliação da área do rodízio poderia ser feita principalmente na zona sul da capital, nos bairros de Santo Amaro e Morumbi.

Horário de pico
Uma das avaliações da CET é que, após a implantação do rodízio, os congestionamentos aumentaram principalmente aos sábados e nos horários em que a restrição não é válida.
"Houve um rearranjo das viagens. Antes havia um horário de pico bem definido. Agora, não há muita diferença durante o dia inteiro", afirma Seraphim.
Ele diz que a aposta da prefeitura para modificar a atual situação do trânsito é a nova licitação dos ônibus, que deve ser concluída no final deste ano.
"Vamos dar mais espaço e velocidade ao transporte coletivo. E, privilegiando os ônibus, esperamos que não haja mais migração ao transporte individual."
Outra intenção da CET, segundo ele, é aumentar a rapidez nas 800 remoções diárias no trânsito feitas pelos marronzinhos e ampliar os semáforos inteligentes, hoje limitados a 20% do total e que controlam os tempos de passagem de acordo com a movimentação de veículos.
Seraphim diz que, em 1976, quando a frota da capital paulista era de 1,37 milhão, as ruas e as avenidas somavam 13 mil km. O número de veículos, hoje, é de 5,3 milhões, mas a malha viária não passa de 15,5 mil km.
(ALENCAR IZIDORO)


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