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AMBIENTE
Resíduo deve ser tirado até 2007
Shell gasta R$ 25 mi para recuperar área
MÁRIO ROSSIT
EDITOR-ASSISTENTE DA FOLHA CAMPINAS
A Shell do Brasil vai desembolsar R$ 25 milhões com o plano de
descontaminação de áreas próximas à sua antiga fábrica de pesticidas, no bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia (126 km de São
Paulo) e na compra de chácaras.
Segundo o gerente de saúde, segurança e ambiente da Shell, Alfredo dos Santos Filho, a maior
parte do dinheiro, R$ 20 milhões,
será para a compra das chácaras.
Até agora foram compradas 39
propriedades, de um total de 60
que deverão ser adquiridas.
Santos Filho afirmou que R$ 3
milhões foram destinados para a
realização de exames e o custeio
de tratamento de saúde para 159
moradores do bairro. O outros R$
2 milhões serão investidos na recuperação da área contaminada.
A Shell produziu, entre 70 e 80,
pesticidas -drins- em Paulínia.
Em 95, a empresa admitiu, em autodenúncia, que contaminou parte da área de sua fábrica.
Segundo Santos Filho, o projeto
inclui a derrubada das edificações
das chácaras e o plantio de mata
ciliar (que cresce em áreas inundáveis), além de outros sete itens.
Conforme o conselheiro do
Consema (Conselho Estadual do
Meio Ambiente) Carlos Bocuhy,
nada vai apagar a "omissão" da
empresa. "O tempo para admitir
que havia a contaminação não
pode ser esquecido", afirmou.
De acordo com a Shell, nos próximos cinco anos, todos os resíduos químicos depositados no
solo e no lençol freático -principalmente pesticidas e metais pesados- estarão removidos.
Terra
O projeto para a descontaminação da área foi apresentado à Cetesb (Companhia Estadual de
Tecnologia e Saneamento Ambiental) em maio do ano passado.
Segundo Santos Filho, naquele
mês a Cetesb determinou a retirada de 800 toneladas de solo ao redor da área de formulação dos
pesticidas aldrin e dieldrin.
"Não sabemos qual o destino
desse material, caso seja retirado.
Pode ir para descontaminação na
Holanda, ou para incineradores
de drins aqui no Brasil", declarou.
O solo ainda não começou a ser
removido em razão de uma liminar, obtida pela OAB-Campinas
(Ordem dos Advogados do Brasil), em abril de 2001.
A entidade, em um mandado de
segurança, sustentou que nada
poderia ser retirado da área, pois
provas importantes da contaminação poderiam ser perdidas.
Moradores
Apesar das medidas tomadas
pela Shell, moradores ainda sofrem as consequências da contaminação. O comerciante Ronaldo
Penido, 47, morador da área, afirmou que, apesar de considerar
"bom" o valor pago pela propriedade dele, sair do Recanto dos
Pássaros não estava nos planos.
"Lá tinha contato com a natureza. Agora sou obrigado a mudar
porque uma empresa contaminou o lugar em que eu vivia."
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