São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 2002

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AMBIENTE

Resíduo deve ser tirado até 2007

Shell gasta R$ 25 mi para recuperar área

MÁRIO ROSSIT
EDITOR-ASSISTENTE DA FOLHA CAMPINAS

A Shell do Brasil vai desembolsar R$ 25 milhões com o plano de descontaminação de áreas próximas à sua antiga fábrica de pesticidas, no bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia (126 km de São Paulo) e na compra de chácaras.
Segundo o gerente de saúde, segurança e ambiente da Shell, Alfredo dos Santos Filho, a maior parte do dinheiro, R$ 20 milhões, será para a compra das chácaras.
Até agora foram compradas 39 propriedades, de um total de 60 que deverão ser adquiridas.
Santos Filho afirmou que R$ 3 milhões foram destinados para a realização de exames e o custeio de tratamento de saúde para 159 moradores do bairro. O outros R$ 2 milhões serão investidos na recuperação da área contaminada.
A Shell produziu, entre 70 e 80, pesticidas -drins- em Paulínia. Em 95, a empresa admitiu, em autodenúncia, que contaminou parte da área de sua fábrica.
Segundo Santos Filho, o projeto inclui a derrubada das edificações das chácaras e o plantio de mata ciliar (que cresce em áreas inundáveis), além de outros sete itens.
Conforme o conselheiro do Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente) Carlos Bocuhy, nada vai apagar a "omissão" da empresa. "O tempo para admitir que havia a contaminação não pode ser esquecido", afirmou.
De acordo com a Shell, nos próximos cinco anos, todos os resíduos químicos depositados no solo e no lençol freático -principalmente pesticidas e metais pesados- estarão removidos.

Terra
O projeto para a descontaminação da área foi apresentado à Cetesb (Companhia Estadual de Tecnologia e Saneamento Ambiental) em maio do ano passado.
Segundo Santos Filho, naquele mês a Cetesb determinou a retirada de 800 toneladas de solo ao redor da área de formulação dos pesticidas aldrin e dieldrin.
"Não sabemos qual o destino desse material, caso seja retirado. Pode ir para descontaminação na Holanda, ou para incineradores de drins aqui no Brasil", declarou.
O solo ainda não começou a ser removido em razão de uma liminar, obtida pela OAB-Campinas (Ordem dos Advogados do Brasil), em abril de 2001.
A entidade, em um mandado de segurança, sustentou que nada poderia ser retirado da área, pois provas importantes da contaminação poderiam ser perdidas.

Moradores
Apesar das medidas tomadas pela Shell, moradores ainda sofrem as consequências da contaminação. O comerciante Ronaldo Penido, 47, morador da área, afirmou que, apesar de considerar "bom" o valor pago pela propriedade dele, sair do Recanto dos Pássaros não estava nos planos.
"Lá tinha contato com a natureza. Agora sou obrigado a mudar porque uma empresa contaminou o lugar em que eu vivia."


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