São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 2011

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Alunos debatem modelo de policiamento

Presença de militares na USP é tema controverso entre estudantes, que vão firmar posição oficial após reunião

Em carta à reitoria, grupo alega que a perda do colega "escancara" a necessidade de discutir problema da segurança


Pierre Duarte/Folhapress
Estudantes protestam em frente à FEA, na Cidade Universitária; em carta entregue à reitoria, alunos reclamam da iluminação ruim e dos poucos vigias

DE SÃO PAULO

Horas depois do assassinato de Felipe Ramos de Paiva, seus colegas da FEA suspenderam as aulas e organizaram um protesto, às 8h de ontem, para cobrar mais segurança no campus da USP.
Em carta à reitoria, os estudantes alegam que a perda do colega "escancara" a necessidade de discutir o problema da insegurança dentro da Cidade Universitária.
No texto, reclamaram da iluminação ruim, da pouca quantidade de vigias -60 divididos em dois turnos-, mas em momento algum pede a presença da PM no local.
As reivindicações serão levadas ao Conselho Gestor. A presença da PM no campus será tema de debates de alunos na próxima semana para que se firme uma posição. O assunto divide estudantes.
Uma enquete realizada pela Folha na FEA verificou que, de 60 alunos ouvidos, 54 gostariam de mais PMs fazendo rondas preventivas.
Já na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, apenas 17 dos 50 alunos ouvidos querem a polícia.
"Não acho que o policiamento funcione nas ruas, que dirá no campus", argumentou a estudante de história Carolina Soares, 19.
A posição do Diretório Central dos Estudantes também é contrária à presença dos militares no campus.
À noite, durante um segundo ato que reuniu 200 estudantes, a polêmica dominava as rodas de alunos.
Em oito círculos, que reuniam de 15 a 30 pessoas, a maioria querendo falar, divergiram sobre o papel da polícia, o controle de acesso no campus e até sobre o papel social dos estudantes.
"A maior universidade do país convive ao lado de uma imensa favela. Somos bem informados, temos boas condições, o que fazemos para melhorar a vida dessas pessoas? Nada. Como falar em segurança?", dizia um, se referindo à favela São Remo, com 2.000 moradias.
"Quem vem para correr, para passear, para se divertir não terá problema nenhum em parar na guarita, mostrar o RG", afirmava outra, defendendo o controle de acesso.
"Já teve PM colocando escopeta aqui na cara de estudante", dizia um terceiro.
Sobre o papel da guarda, um raro consenso: todos acham que ela está mal preparada e sem estrutura.
Outro consenso é sobre a precariedade da iluminação. "A USP está fazendo um prédio aqui ao lado da FEA por R$ 200 milhões. Vai construir outro prédio bem iluminado por dentro e escuro por fora?", questionava um aluno.

PARCERIA
O cientista político Guaracy Mingardi, especialista em segurança, defende que a PM atue no campus, fazendo rondas, em parceria com a guarda universitária, e agindo em casos mais graves, como em roubos e homicídios.
"Se puser só a PM vai dar problema, porque os alunos não toleram muito os policiais. Por isso é preciso intercalar policiais e a guarda."
Para o capitão da PM Mauro Maia, que esteve na USP na noite do assassinato de Felipe, os estudantes não gostam de ter a PM no campus porque são "bagunceiros". "A "alunada" quer ficar fumando sua maconha e fazendo bagunça sem ser incomodada", afirmou o militar.


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