São Paulo, Quinta-feira, 20 de Maio de 1999
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CRISE
Com dívida de 22 bilhões, entidade quer reajustes na tabela do SUS
Hospital Santa Marcelina pede verba para evitar fechamento

da Reportagem Local

Uma comissão do hospital Santa Marcelina, de São Paulo, deve se reunir no próximo sábado com o governador Mário Covas, para tentar evitar o fechamento da unidade.
Mantida pela Congregação das Irmãs de Santa Marcelina, na zona leste, o hospital filantrópico está passando por dificuldades financeiras -a dívida com bancos chega a R$ 22 milhões.
A comissão vai entregar ao governador uma carta pedindo uma verba mensal de custeio para o hospital.
O hospital atende pelo SUS (Sistema Único de Saúde) -90% do total de atendimento-, convênios e particulares.
Segundo a coordenadora do programa de gestão em qualidade do hospital, irmã Lina Maria Ambiel, o problema se agravou nos últimos cinco anos, principalmente por causa da defasagem da tabela de preços do SUS.
"A tabela ainda está muito fora da realidade. Se não houver mudança de preços, o problema não terá solução", afirma irmã Lina.
O gasto mensal do hospital gira em torno de R$ 7 milhões, mas a verba arrecadada é de R$ 5,5 milhões. Por causa desse problema, o hospital recorreu a empréstimo bancário, mas a dívida ainda não foi paga.
"Gastamos cerca de R$ 300 mil de juros. Isso é muito dinheiro e com ele poderíamos fazer muito pelo hospital", afirma irmã Lina.
Segundo ela, o hospital também está tentando verba suplementar junto à Secretaria Municipal da Saúde para tentar minimizar o problema.

Outras medidas
Além disso, a direção do hospital implantou um plano emergencial, que visa atrair a clientela particular para tentar aumentar o valor da arrecadação.
Para isso, estão sendo oferecidos serviços de saúde particulares com descontos. Por exemplo, exames de diagnóstico por imagem têm desconto de 30%.
Há também pacotes econômicos de parto, que têm até 40% de desconto. O parto normal pode sair por R$ 800 e a cesárea, por R$ 1.000. O hospital também está implantando quartos para oferecer parto humanizado, no qual a mulher tem o filho com a presença do marido em um quarto que se transforma em minicentro cirúrgico.
O Santa Marcelina, fundado em 1961, é considerado hospital de referência pela Secretaria da Saúde. Com estrutura para atender casos de alta complexidade, como transplantes e cirurgias cardíacas, o hospital recebe 4.500 pacientes por dia.
A direção do hospital afirma descartar o fim do atendimento pelo SUS como saída para a crise. "Estamos fazendo um trabalho que deveria estar sendo feito pelo governo. Por isso achamos que eles deveriam contribuir para ajudar a manter esse hospital", diz irmã Lina.
"Não vamos deixar de atender a população carente nem desativar qualquer ala do hospital."
(CARLA CONTE)



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