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CRISE
Com dívida de 22 bilhões, entidade quer reajustes na tabela do SUS
Hospital Santa Marcelina pede verba para evitar fechamento
da Reportagem Local
Uma comissão do hospital
Santa Marcelina, de São Paulo,
deve se reunir no próximo sábado com o governador Mário Covas, para tentar evitar o fechamento da unidade.
Mantida pela Congregação das
Irmãs de Santa Marcelina, na zona leste, o hospital filantrópico
está passando por dificuldades
financeiras -a dívida com bancos chega a R$ 22 milhões.
A comissão vai entregar ao governador uma carta pedindo
uma verba mensal de custeio para o hospital.
O hospital atende pelo SUS
(Sistema Único de Saúde)
-90% do total de atendimento-, convênios e particulares.
Segundo a coordenadora do
programa de gestão em qualidade do hospital, irmã Lina Maria
Ambiel, o problema se agravou
nos últimos cinco anos, principalmente por causa da defasagem da tabela de preços do SUS.
"A tabela ainda está muito fora
da realidade. Se não houver mudança de preços, o problema não
terá solução", afirma irmã Lina.
O gasto mensal do hospital gira em torno de R$ 7 milhões,
mas a verba arrecadada é de R$
5,5 milhões. Por causa desse
problema, o hospital recorreu a
empréstimo bancário, mas a dívida ainda não foi paga.
"Gastamos cerca de R$ 300 mil
de juros. Isso é muito dinheiro e
com ele poderíamos fazer muito
pelo hospital", afirma irmã Lina.
Segundo ela, o hospital também está tentando verba suplementar junto à Secretaria Municipal da Saúde para tentar minimizar o problema.
Outras medidas
Além disso, a direção do hospital implantou um plano emergencial, que visa atrair a clientela
particular para tentar aumentar
o valor da arrecadação.
Para isso, estão sendo oferecidos serviços de saúde particulares com descontos. Por exemplo, exames de diagnóstico por
imagem têm desconto de 30%.
Há também pacotes econômicos de parto, que têm até 40% de
desconto. O parto normal pode
sair por R$ 800 e a cesárea, por
R$ 1.000. O hospital também está implantando quartos para
oferecer parto humanizado, no
qual a mulher tem o filho com a
presença do marido em um
quarto que se transforma em
minicentro cirúrgico.
O Santa Marcelina, fundado
em 1961, é considerado hospital
de referência pela Secretaria da
Saúde. Com estrutura para atender casos de alta complexidade,
como transplantes e cirurgias
cardíacas, o hospital recebe
4.500 pacientes por dia.
A direção do hospital afirma
descartar o fim do atendimento
pelo SUS como saída para a crise. "Estamos fazendo um trabalho que deveria estar sendo feito
pelo governo. Por isso achamos
que eles deveriam contribuir para ajudar a manter esse hospital", diz irmã Lina.
"Não vamos deixar de atender
a população carente nem desativar qualquer ala do hospital."
(CARLA CONTE)
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