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'Ah! Eu tô maluco!', comemora advogado
da Sucursal do Rio
O advogado Maurício Neville comemorou a absolvição do cliente
Nélson Oliveira dos Santos Cunha
com uma exclamação típica de
torcedores de futebol, platéias de
shows populares e frequentadores
de bailes de música funk.
"Ah! Eu tô maluco!", gritou Neville na saída do plenário, ao ser
questionado como estava se sentindo com o sucesso da defesa.
Neville, 41, não atuou no primeiro julgamento de Cunha. Ele foi
contratado após conseguir diminuir 220 anos a pena de outro acusado pela chacina, Marcos Vinícius Borges Emmanuel.
O advogado manteve a tese defendida pela defesa no primeiro júri, mas proibiu o cliente de responder ao interrogatório do juiz José
Geraldo Antônio. "Ele podia falar
alguma besteira", afirmou.
Neville usou as duas horas da defesa para convencer os jurados da
inocência de Cunha. Teve ainda
mais 30 minutos de tréplica, em
resposta à réplica da promotoria.
Espalhafatoso, o advogado deu
pulos no plenário e gritou para os
jurados que não havia "santinhos" entre os chacinados.
"Quem nunca foi assaltado por
meninos de rua? Eles usam cacos
de vidro para assaltar. Não eram
santinhos", afirmou Neville.
Formado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro),
Neville, em oito anos de exercício
profissional, se especializou em júris populares.
"Costumo dizer que o direito
pertence ao cliente. A diferença é a
garra com que ele é defendido",
disse Neville à Folha.
Segundo o advogado, Cunha já
faz planos para quando deixar a
prisão. Se o Tribunal de Justiça
mantiver a pena de 18 anos, ele terá
direito a regime semi-aberto (dorme na cadeia) dentro de dois anos.
"Ele percorrerá presídios pregando a palavra de Deus", afirmou
Neville, carioca criado em Ipanema (zona sul), onde mora com a
mulher e três filhos.
A fim de se preparar para o julgamento, Neville fechou seu escritório no centro do Rio, abandonou o
futevôlei e foi para Aracaju, onde
tem "umas terrinhas".
"Fiquei 20 dias trancado, estudando", disse. "Não mudei a história. Cunha assumiu que estava
lá, que atirou no Wagner, mas não
saiu de casa para matar. Ele foi enganado pelo Sexta-Feira 13."
(ST)
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