São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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SEGURANÇA

Traficante conhecido como Chapolim, preso em Bangu 1, no Rio, aparece em gravações vendendo drogas à facção paulista

Comprador de míssil negociou com PCC

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

O traficante do Rio flagrado em grampo telefônico negociando a compra de um míssil antiaéreo Stinger é um fornecedor de drogas para o PCC (Primeiro Comando da Capital) de São Paulo.
O nome de Marcos Marinho dos Santos, conhecido como Chapolim, aparece no organograma da facção criminosa paulista divulgado no mês passado pela polícia após a interceptação de 470 horas de conversas telefônicas.
Assim como no Rio, policiais e promotores de São Paulo monitoraram centrais telefônicas do PCC e montaram um organograma a partir das conexões descobertas.
Chapolim pertence à quadrilha do traficante Fernandinho Beira-Mar. Ambos são ligados ao Comando Vermelho e cumprem pena no presídio de Bangu 1, no Rio, de onde partiu a ligação para encomendar o míssil Stinger, conforme o Ministério Público fluminense. Não se sabe se a arma chegou a ser entregue. O míssil é supostamente usado pela organização terrorista Al Qaeda.
A Promotoria de São Paulo diz que o nome do traficante foi incluído no organograma, porque ele foi flagrado nas gravações negociando drogas com o PCC. Além dele, há outros dois cariocas na hierarquia: um está preso em Bangu 1 -Márcio José Guimarães, o Tchaca- e o outro, Marcelo, não foi identificado.
""Há contatos e operações criminosas entre as duas organizações", afirmou o promotor Márcio Sérgio Christino, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).
Em outro trecho do grampo paulista, Reginaldo de Almeida Danelucci, o Neguinho, negociou por celular, de sua cela na Penitenciária do Estado (SP), a venda de fuzis AR-15 que viriam do Paraguai para um membro do CV.
Coincidência ou não, Chapolim aparece no grampo do Rio tentando comprar um míssil e equipamentos de comunicação de um contrabandista de São Paulo, o Rubinho, ainda não-identificado.
Não se sabe ainda por que as duas facções se aproximaram para o comércio de drogas -do Rio para São Paulo- e a venda de armas -de São Paulo para o Rio.
A aliança surgiu com a transferência de dois presos fundadores do PCC para o presídio de Bangu 1, no ano passado: José Márcio Felício, o Geleião, e César Augusto Roris da Silva, o Cesinha.
Segundo a Folha apurou, investigações da polícia e Promotoria mostram que Geleião e Cesinha recebiam ""mesada" do CV enquanto estavam em Bangu 1. A facção fluminense gastou R$ 400 mil por mês com os salários de seus líderes e aliados do PCC.
Em troca, o PCC garantiria a vida de integrantes do CV presos em São Paulo, como a do braço direito de Beira-Mar, Leomar de Oliveira Barbosa, também flagrado no grampo fluminense. Barbosa falava com Bangu 1 da prisão de Presidente Venceslau.



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