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Ex-diretor de presídio é investigado
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DANIELA MENDES
DA SUCURSAL DO RIO
O delegado Irineu Barroso, da
34ª Delegacia Policial do Rio, disse que suspeita do envolvimento
de Durval Pereira de Melo, ex-diretor de Bangu 1, e de agentes penitenciários com a entrada de
equipamentos de telefonia, armas
e drogas no presídio.
Anteontem, o Ministério Público Estadual encontrou no presídio telefones celulares e equipamentos que funcionariam como
uma central telefônica, permitindo que os presos mantivessem o
controle sobre seus negócios.
Sob o comando de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, os presos compravam armas e equipamentos de comunicação. Chegaram a encomendar
um míssil.
Para o delegado, a existência de
uma central telefônica clandestina no presídio é indício suficiente
para levantar suspeitas contra a
direção e os funcionários. "Se revistar, não entra uma agulha. É
porque existe conivência."
Por decisão judicial, Melo e todos os agentes penitenciários de
Bangu 1 foram afastados dos cargos. Todos podem ser indiciados
por formação de quadrilha, corrupção e tráfico de entorpecentes.
Procurado pela Folha, Melo não
foi localizado. Ao depor anteontem, ele negou ter sido conivente
com a entrada de equipamentos
na prisão. Ele disse ter notícia de
que um celular havia sido apreendido com um preso, mas não sabia dos demais.
Na sala da custódia -onde são
guardados objetos de valor dos
presos- foram apreendidos cinco celulares, segundo o Ministério
Público. Os aparelhos são proibidos dentro do presídio.
O ex-diretor de Bangu 1 disse no
depoimento que os entorpecentes
são às vezes carregados para dentro do presídio pelas mulheres
dos presos, que os escondem na
vagina. Há um mês, segundo Melo, foi apreendida uma pistola
com presos da facção ADA (Amigo dos Amigos), "mas certamente
não entrou numa vagina".
Voto de confiança
O diretor do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário),
Edson de Oliveira Rocha Júnior,
depôs ontem na 34ª DP. Ele defendeu o diretor do presídio, que
disse ser de sua "inteira confiança". "Não acredito que ele tenha
envolvimento. O ônus da prova
cabe a quem acusa, no caso, o Ministério Público", disse.
Rocha Júnior admitiu que houve falha na revista dos presos.
"Tem que existir ou negligência
ou conivência", afirmou.
Sobre os celulares, ele disse que,
ao contrário do divulgado pelo
Ministério Público, foram encontrados no cofre da prisão quatro
carcaças desativadas e apenas um
aparelho em condições de funcionamento. Segundo ele, o aparelho
havia sido apreendido em poder
de um preso e estava na sala de
custódia à espera da conclusão de
um procedimento interno de investigação.
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