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Oficiais reagem ao crime dos 11 militares com raiva e desolação
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Oficiais do Exército de diferentes patentes reagiram com
duas sensações à notícia de que
11 militares entregaram três rapazes a traficantes no Rio e que
os três foram mortos: ficaram
desolados pelo estrago à imagem da instituição e com raiva
dos responsáveis pelo caso.
Segundo o comandante do
Exército, general Enzo Martins
Peri, em conversa com a Folha,
"a reação foi a pior possível".
Outros oficiais ouvidos pela
Folha se diziam "arrasados".
Alguns foram pródigos em
adjetivos, outros até em palavrões, para se referir ao tenente
Vinícius Ghidetti, 25, que, segundo afirmou em depoimento, descumpriu a ordem para
soltar os três rapazes.
O que os oficiais mais lamentam é que, depois de 20 anos de
regime militar, o Exército passou outros 20 para profissionalizar seus quadros e sofisticar a
relação com a opinião pública.
Todo esse esforço foi justamente para tentar isolar no
tempo e numa geração específica as denúncias de que as Forças Armadas foram responsáveis por tortura, mortes e desaparecimentos de militantes esquerdistas nos anos 1960 e
1970, na maioria jovens.
Para um general de quatro
estrelas (maior patente da Força), o "estrago" que "esse menino" fez à instituição foi o mais
grave em 20 anos.
Hoje, a discussão é: até onde
os militares envolvidos têm ligações com o tráfico. A inteligência do Exército trabalha intensamente para buscar essa
resposta. Tudo o que a instituição não quer é embaralhar seu
nome com o crime organizado.
Especialmente quando o governo tende a ser favorável à
ampliação dos limites constitucionais da ação militar na garantia da lei e da ordem.
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