São Paulo, sábado, 20 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE

Anvisa afirma que espera informações mais seguras sobre medicamento que está sendo investigado pelo governo norte-americano

País mantém venda de remédio sob suspeita

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

O medicamento Eprex, fabricado pela Janssen-Cilag, braço farmacêutico da Johnson & Johnson, está sendo investigado pelo governo norte-americano pela suspeita de causar diminuição de glóbulos vermelhos em pacientes com insuficiência renal crônica.
O problema, chamado de aplasia pura de células vermelhas, pode em casos mais graves levar os pacientes à morte, de acordo com especialistas.
A Johnson & Johnson também está sendo investigada por supostos registros fraudulentos na fábrica de Porto Rico, onde está parte da produção do Eprex. A divulgação do caso derrubou as bolsas de todo o mundo ontem.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou que vai esperar mais evidências de que haja relação entre a aplasia e o medicamento, antes de retirar o medicamento do mercado.
Segundo a agência, desde novembro de 2001, há um informe sobre a atualização da bula do produto, feita pelo fabricante, na qual eram relatadas as ocorrências de aplasia. De acordo com o boletim, a aplasia atinge um em cada 10 mil pacientes.
O Eprex é uma forma sintética da substância eritropoetina, produzida no rim e responsável pelo desenvolvimento do glóbulo vermelho. Além do tratamento de insuficiência renal crônica, o medicamento é recomendado em alguns casos de anemia.
"Para muita gente, o Eprex é absolutamente vital. Uma alternativa seria a transfusão, o que pode causar outros problemas", explica Dalton Chamone, professor titular de hematologia da faculdade de medicina da USP.
"Esse remédio foi uma verdadeira revolução para o doente renal crônico", completa. Chamone disse não ter sido alertado sobre os efeitos colaterais do produto.
As vendas do Eprex e do similar da empresa Amgen superam U$ 5 bilhões, desde que o medicamento começou a ser comercializado na década de 90. Mais de 3 milhões de pessoas em todo o mundo usam a substância.
A Janssen-Cilag divulgou ontem à tarde nota sobre o assunto, na qual afirma estar aguardando o posicionamento da matriz, nos EUA, sobre o caso.
Embora tenha o mesmo princípio ativo do medicamento produzido em Porto Rico, a empresa informou que o produto comercializado no mercado brasileiro é fabricado na Suíça.



Texto Anterior: Minas: Preso morre carbonizado em rebelião
Próximo Texto: Anvisa apura falha em processo de transfusão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.