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SAÚDE
Anvisa afirma que espera informações mais seguras sobre medicamento que está sendo investigado pelo governo norte-americano
País mantém venda de remédio sob suspeita
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
O medicamento Eprex, fabricado pela Janssen-Cilag, braço farmacêutico da Johnson & Johnson, está sendo investigado pelo
governo norte-americano pela
suspeita de causar diminuição de
glóbulos vermelhos em pacientes
com insuficiência renal crônica.
O problema, chamado de aplasia pura de células vermelhas, pode em casos mais graves levar os
pacientes à morte, de acordo com
especialistas.
A Johnson & Johnson também
está sendo investigada por supostos registros fraudulentos na fábrica de Porto Rico, onde está
parte da produção do Eprex. A divulgação do caso derrubou as bolsas de todo o mundo ontem.
A Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) informou
que vai esperar mais evidências
de que haja relação entre a aplasia
e o medicamento, antes de retirar
o medicamento do mercado.
Segundo a agência, desde novembro de 2001, há um informe
sobre a atualização da bula do
produto, feita pelo fabricante, na
qual eram relatadas as ocorrências de aplasia. De acordo com o
boletim, a aplasia atinge um em
cada 10 mil pacientes.
O Eprex é uma forma sintética
da substância eritropoetina, produzida no rim e responsável pelo
desenvolvimento do glóbulo vermelho. Além do tratamento de insuficiência renal crônica, o medicamento é recomendado em alguns casos de anemia.
"Para muita gente, o Eprex é absolutamente vital. Uma alternativa seria a transfusão, o que pode
causar outros problemas", explica
Dalton Chamone, professor titular de hematologia da faculdade
de medicina da USP.
"Esse remédio foi uma verdadeira revolução para o doente renal crônico", completa. Chamone
disse não ter sido alertado sobre
os efeitos colaterais do produto.
As vendas do Eprex e do similar
da empresa Amgen superam U$ 5
bilhões, desde que o medicamento começou a ser comercializado
na década de 90. Mais de 3 milhões de pessoas em todo o mundo usam a substância.
A Janssen-Cilag divulgou ontem à tarde nota sobre o assunto,
na qual afirma estar aguardando
o posicionamento da matriz, nos
EUA, sobre o caso.
Embora tenha o mesmo princípio ativo do medicamento produzido em Porto Rico, a empresa informou que o produto comercializado no mercado brasileiro é fabricado na Suíça.
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