UOL


São Paulo, domingo, 20 de julho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRÂNSITO

Motorização em Curitiba, Goiânia, Florianópolis e Jundiaí ultrapassa à da capital paulista, que tem a maior frota do país

Capitais e cidades do interior superam SP

DA REPORTAGEM LOCAL

No ranking de motorização feito pela Folha, que abrange municípios com população acima de 100 mil habitantes, os índices de São Caetano do Sul superam, de longe, os do segundo lugar.
Pela base de dados do Denatran, que envolve todos os Estados, São Paulo aparece apenas na 19ª posição, com 2,48 habitantes por veículo, atrás do município do ABC (1,62), das capitais Curitiba (2,05), Goiânia (2,15) e Florianópolis (2,22) e de cidades paulistas como Jundiaí (2,18) e Catanduva (2,19).
Pelos dados do Detran-SP, restritos a São Paulo e que também englobam os veículos mais antigos (com placas de duas letras e que, muitas vezes, não estão mais circulando), a capital paulista aparece em quarto lugar, com 1,88 habitante por veículo, atrás de São Caetano do Sul (1,22), Jundiaí (1,83) e Santos (1,85).
Esses índices, que se aproximam dos de países desenvolvidos, levam a média brasileira a 4,8 habitantes por veículo -embora haja municípios, como São José do Ribamar (MA), com patamar acima de 60. Se forem descontados motos, tratores e reboques, a média brasileira é de um carro para 5,9 moradores -embora a indústria automotiva avalie que, pela frota circulante, seja de 8,8.
A quantidade de veículos no Brasil (35,5 milhões, segundo a base do Denatran) é motivo de disputa entre as montadoras e os especialistas em transporte.
Para a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a proporção ainda é muito pequena -apesar dos congestionamentos nas principais capitais. Já os especialistas condenam a tentativa de expansão do transporte individual.
"É preciso combater a utilização indiscriminada do carro. É uma opção muito mais cara, que prejudica a sociedade", afirma Cristina Baddini, diretora-executiva-adjunta da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos). "O motorista ainda acredita que seu carro é a extensão do corpo. Se alguém tenta adotar uma medida de restrição veicular, ele reclama do direito de ir e vir", diz.
Uma pesquisa atualizada pela ANTP em 2000 mostrou que 19% dos deslocamentos no país eram feitos por carro e 29%, por transporte público. O restante das viagens se dividiam em a pé (44%), de bicicleta (7%) e de moto (1%).
Em São Paulo, levantamentos da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) indicam que a média de ocupantes por veículo durante a semana é de 1,2. O individualismo no trânsito refletiu-se no fracasso da proposta de faixas solidárias -exclusivas para veículos com dois ou mais ocupantes. Ela foi posta em prática em 1997 em oito vias (total de 12 km), mas, sem adesão, sofreu cortes.
Além da poluição e dos congestionamentos, a segurança no trânsito é um dos principais problemas da expansão do transporte individual. Um estudo do Ipea estimou em R$ 5,3 bilhões as despesas com acidentes de trânsito nos trechos urbanos do país.
"A educação do motorista não cresceu como a frota. Para a sociedade, os acidentes ainda são vistos como uma fatalidade. É um erro, porque todo acidente tem uma causa, que pode estar no motorista, na via ou no veículo. Até as auto-escolas costumam dizer que se aprende a dirigir na prática, depois de tirar a habilitação. O aprendizado na prática tem um custo muito alto", afirma Cristina Queiroga Rocha, da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego). (ALENCAR IZIDORO)

Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: "Automóvel é sucesso, poder"
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.