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Mal conservado, até B pode conter bactéria
SEBASTIÃO NASCIMENTO
da Reportagem Local
"Até o leite B pode conter bactérias, depende da conservação do
produto. Não é comum, mas já encontramos coliformes fecais em
leite do tipo B."
A explicação é de Vera Regina
Monteiro de Barros, chefe do Serviço de Inspeção Federal (SIF), do
Ministério da Agricultura em São
Paulo.
Segundo ela, qualquer alimento
conservado fora da temperatura
ideal pode ser contaminado por
bactérias.
Para Jacques Gontijo, vice-presidente da Federação da Agricultura
do Estado de Minas Gerais e produtor de leite C em Bom Despacho
(MG), "não é a letrinha que assegura a qualidade do produto."
"Tem muito leite C de boa qualidade e leite B de qualidade ruim",
afirma.
Ele diz que a classificação do leite
foi um expediente ("muito inteligente") para o produtor fugir ao
tabelamento de preço do produto,
imposto pelo governo durante
quase meio século.
"Os produtores que optaram
pelo tipo B tiveram melhor remuneração e investiram mais em qualidade e sanidade do rebanho".
Gontijo acrescenta que, com a liberação dos preços do leite, essa
classificação perdeu o sentido.
"O leite deveria ter um padrão
mínimo e cada empresa deveria
zelar pela sua marca", diz.
Produtor de leite B em Descalvado (270 km a noroeste de São Paulo), Roberto Jank Júnior acha
"quase impossível" o leite B ser
vendido no mercado com coliformes fecais.
Normas de produção
"O leite B segue normas de produção estabelecidas pelo Ministério da Agricultura e ainda é analisado nas plataformas das indústrias", afirma.
Segundo ele, se for constatada a
presença de bactérias, o leite B é
imediatamente desclassificado para leite C.
Já para o leite C não existem normas de produção, segundo Jank.
Para Regina, existe um "alarme
descabido" no fato de o Instituto
Adolfo Lutz ter revelado a presença de 9,3 coliformes fecais por mililitro de leite tipo C distribuído
pelo governo do Estado para mais
de 700 mil crianças.
"Em breve teremos de nos sujeitar à legislação do Mercosul, que
admite a presença entre 3 e 10 coliformes fecais por mililitro", diz.
A chefe do SIF em São Paulo criticou o Instituto Adolfo Lutz por
não ter divulgado o nome da empresa que forneceu o leite contaminado por coliformes fecais ao
governo do Estado.
"A marca do produto não foi divulgada no laudo, o que torna difícil saber se e leite passou pela inspeção do SIF." Segundo ela, o órgão monitora todo o leite que chega às plataformas das indústrias.
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