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CASO PATAXÓ
12 índios, entre eles a viúva e os pais de Galdino, dizem que garotos colocaram fogo com intenção de matar
Índios chegam a Brasília para protestar
da Sucursal de Brasília
Doze índios da tribo pataxó chegaram ontem a Brasília para protestar contra a sentença da juíza
Sandra De Santis Mello sobre o caso da morte de Galdino Jesus dos
Santos. Entre os índios estão os
pais e a viúva de Galdino.
Para os familiares, os cinco rapazes que atearam fogo em Galdino
tiveram intenção de matá-lo, mesmo pensando que ele fosse um
mendigo. Eles afirmam que o modo como mataram o índio mostra
que não era a primeira vez que faziam isso.
"Se a senhora vai passando pela
rua e vê alguém deitado, a senhora
vai até um posto comprar gasolina
para 'brincar'? Acho que eles já tinham feito isso antes", disse Minervina de Souza, mãe do índio assassinado.
O crime aconteceu na madrugada do dia 20 de abril deste ano, e o
pataxó morreu em consequência
das queimaduras.
Os índios pataxós querem ser recebidos pelo presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, pelo presidente do Supremo
Tribunal Federal, Celso de Mello, e
pelo ministro da Justiça, Iris Rezende.
O porta-voz da Presidência, embaixador Sergio Amaral, já declarou que FHC está disposto a recebê-los, mas que não pode interferir
na decisão da juíza.
O Ministério da Justiça marcou
uma audiência para amanhã.
Quem deve receber os índios é o
próprio ministro.
Minervina afirmou que a decisão
da juíza não é justa com os índios.
"Se fosse o meu filho que tivesse
queimado um desses garotos, ou o
filho dela (da juíza), quero ver se
meu filho não ia ser preso."
A índia disse que quer conversar
pessoalmente com a juíza. "Eu
não quero pedir nada demais. Só
quero pedir para ela não soltá-los", afirmou a índia.
O pai de Galdino, Juvenal Rodrigues, 67, também disse que a juíza
não foi justa. "Se fosse com ela, ela
não acharia bom ser queimada. Ela
tem que fazer justiça, não injustiça. Nós queremos que prendam
esses bandidos para o resto da vida, para sentirem que matar não é
bom", afirmou Rodrigues.
A viúva de Galdino, Genilda Rosa Campos, 47, declarou que os rapazes tiveram claramente a intenção de matar seu marido.
"Fogo queima, gente. Fogo mata. Que brincadeira é essa?", perguntou.
Ela disse que a juíza tem que mudar sua decisão, que os rapazes
não podem ser soltos tão cedo.
"Eles estando presos, estão vivos.
Os pais deles ainda podem vê-los.
O meu Galdino está morto, para
nunca mais eu ver", disse a viúva.
Os índios pretendem realizar hoje um ato de protesto na Praça do
Compromisso, na quadra 703/4
sul, local onde Galdino foi queimado. A idéia é pressionar a juíza a
rever sua decisão.
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