São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 2002

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Médicos dizem que indicação é limitada

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A reposição hormonal só é indicada para homens que tenham níveis muito baixo de testosterona, que apresentem sintomas importantes dessa deficiência e que não tenham histórico nem tendência para o câncer de próstata. Esse consenso, embora não oficial, é defendido pela maioria dos especialistas no país e pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
"O uso da testosterona não causa o câncer de próstata, mas vai apressá-lo e exacerbá-lo se o paciente já tiver um pequeno tumor", diz Marjo Perez, chefe da disciplina de urologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
"Como o risco de câncer da próstata aumenta com o envelhecimento, o uso da testosterona implica um grande perigo futuro", afirma Salvador Vilar Correia Lima, professor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-presidente da SBU.
Estima-se que, aos 80 anos, um em cada grupo de oito a dez homens venha a desenvolver câncer de próstata. Ao dar o hormônio para 6.000 pacientes, a pesquisa norte-americana vinha colocando muitos deles em risco.
Os níveis de testosterona são medidos por exame de sangue. Segundo Perez, o nível normal desse hormônio "total" fica entre 300 e 1.000 nanogramas por mililitro de sangue. A testosterona "livre" deve estar acima de 10 nanogramas por ml de sangue.
Os sintomas são indisposição física e mental, fraqueza, impotência, depressão, queda da libido e do humor. Mesmo com níveis baixos do hormônio e com esses sintomas presentes, a indicação só será feita depois de exame de toque retal e do PSA, que mede os antígenos prostáticos no sangue.
"A indicação é muito limitada e o paciente precisa de rigoroso controle trimestral", diz Perez.
Muitas vezes, os níveis de testosterona caem por conta do estresse, mesmo em jovens. "Outras vezes são pacientes obesos, fumantes, sedentários, com alimentação irregular, que se beneficiariam apenas mudando hábitos e fazendo exercícios", diz o médico.
"Há cada vez mais pacientes pedindo pela reposição, mas ela não é ainda uma terapia reconhecida", afirma Correia Lima.


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