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Médicos dizem que indicação é limitada
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A reposição hormonal só é indicada para homens que tenham níveis muito baixo de testosterona,
que apresentem sintomas importantes dessa deficiência e que não
tenham histórico nem tendência
para o câncer de próstata. Esse
consenso, embora não oficial, é
defendido pela maioria dos especialistas no país e pela Sociedade
Brasileira de Urologia (SBU).
"O uso da testosterona não causa o câncer de próstata, mas vai
apressá-lo e exacerbá-lo se o paciente já tiver um pequeno tumor", diz Marjo Perez, chefe da
disciplina de urologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa
Casa de São Paulo.
"Como o risco de câncer da
próstata aumenta com o envelhecimento, o uso da testosterona
implica um grande perigo futuro", afirma Salvador Vilar Correia
Lima, professor da Universidade
Federal de Pernambuco e ex-presidente da SBU.
Estima-se que, aos 80 anos, um
em cada grupo de oito a dez homens venha a desenvolver câncer
de próstata. Ao dar o hormônio
para 6.000 pacientes, a pesquisa
norte-americana vinha colocando muitos deles em risco.
Os níveis de testosterona são
medidos por exame de sangue.
Segundo Perez, o nível normal
desse hormônio "total" fica entre
300 e 1.000 nanogramas por mililitro de sangue. A testosterona "livre" deve estar acima de 10 nanogramas por ml de sangue.
Os sintomas são indisposição física e mental, fraqueza, impotência, depressão, queda da libido e
do humor. Mesmo com níveis
baixos do hormônio e com esses
sintomas presentes, a indicação
só será feita depois de exame de
toque retal e do PSA, que mede os
antígenos prostáticos no sangue.
"A indicação é muito limitada e
o paciente precisa de rigoroso
controle trimestral", diz Perez.
Muitas vezes, os níveis de testosterona caem por conta do estresse, mesmo em jovens. "Outras
vezes são pacientes obesos, fumantes, sedentários, com alimentação irregular, que se beneficiariam apenas mudando hábitos e
fazendo exercícios", diz o médico.
"Há cada vez mais pacientes pedindo pela reposição, mas ela não
é ainda uma terapia reconhecida", afirma Correia Lima.
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