UOL


São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA

Empresário levou três tiros na garagem de sua casa; polícia prendeu um suspeito, mas motivo do crime ainda é mistério

Presidente da Schincariol é morto em Itu

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Amigos e parentes no enterro do empresário José Nelson Schincariol, baleado anteontem à noite em sua casa, na região central de Itu


GILMAR PENTEADO
ENVIADO ESPECIAL A ITU

O empresário José Nelson Schincariol, 60, presidente e um dos donos da Cervejaria Schincariol, uma das maiores empresas de bebidas do país, foi assassinado com três tiros ao chegar à sua casa, no município de Itu (103 km de São Paulo).
Um suspeito foi detido ontem à noite e reconhecido por uma das testemunhas que viram dois homens fugindo após os disparos. O motivo do crime, porém, ainda é mistério para a polícia paulista.
Schincariol, que andava sem seguranças, foi encontrado caído na garagem de sua casa, às 22h35 de anteontem. Dois tiros atingiram o lado esquerdo da cabeça e o terceiro acertou a nuca e as costas do empresário, que morreu na madrugada de ontem, no hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Duas testemunhas -um vigia de rua e um estudante que passava pelo local- afirmaram à polícia ter visto, após os tiros, dois homens pularem o muro da casa do empresário e fugirem a pé.
Como fazia todas as noites, o empresário saiu tarde do escritório da empresa e chegou sozinho em casa, segundo a polícia. Ele acionou o controle remoto do portão da garagem da casa de dois andares na rua Santa Cruz, no centro de Itu, e entrou dirigindo seu Audi A6 prata. O portão fechou automaticamente.
A polícia ainda não sabe se os dois suspeitos já estavam no interior da garagem ou entraram pelo portão logo após o empresário.
Vizinhos afirmaram ouvir de três a cinco disparos. Uma testemunha, cuja identidade não foi revelada, disse que viu os homens pularem o muro e fugirem a pé. Outra testemunha disse que viu os dois suspeitos correndo na rua.
Ele foi encontrado caído no chão da garagem, ao lado do carro. O alarme da casa foi disparado, pois o empresário não digitou o código na porta de entrada, como prevê o sistema de segurança.
Moradoras de uma casa em frente à do empresário, a cabeleireira Dulce Inês de Souza Ferreira, 49, e sua filha Ana Paula, 25, saíram à rua logo após ouvir os tiros e viram Schincariol caído.
"Ele ainda respirava. Falamos para ele se acalmar porque o resgate estava a caminho", afirmou Ana Paula. Ela disse ter ouvido primeiro um disparo isolado. Depois, ouviu mais dois.
No momento dos disparos, a mulher do empresário, Cecília, 55, e Alexandre, um dos filhos do casal, estavam na casa. O filho ajudou a socorrer o pai, levado ao hospital Sanatorinhos, em Itu. De lá, foi transferido para o Einstein. Chegou por volta das 2h30 e teve parada cardiorrespiratória.

Investigação
O delegado seccional de Sorocaba, Maurício Blazeck, chegou a afirmar ontem que as investigações iniciais apontaram para uma tentativa de roubo. No entanto, nada foi levado do empresário.
Itu, sede da Schincariol, registrou no primeiro semestre de 2003 uma média de dois homicídios dolosos (com intenção de matar) por mês -38,89% a menos do que no mesmo período de 2002. Houve crescimento, no entanto, nos casos de roubo de veículo (22,7%) na cidade de cerca de 150 mil habitantes.
O delegado Guilherme Amadeu Júnior, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) de São Paulo, disse que nenhuma hipótese está descartada.
As duas testemunhas afirmaram à polícia que os suspeitos são dois homens brancos.
Apesar dessa descrição, a polícia deteve ontem em sua casa, no bairro São Judas, Valdinei Sabino da Silva, 25, que é negro. Ele tem passagens por porte de arma e roubo. Teria sido reconhecido por uma outra testemunha e levado para a sede do DHPP.
A mãe dele, Lourdes Marques da Silva, 56, diz que cerca de 20 policiais invadiram a sua casa e levaram seu filho. Ela, porém, afirma que ele é inocente.
O secretário municipal de Defesa do Cidadão, José Antonio da Silva, disse que guardas-civis encontraram uma terceira testemunha do crime e, por meio dela, localizaram o rapaz. Para a Secretaria da Segurança Pública, ele foi preso para averiguação.


Próximo Texto: Empresário dispensava uso de seguranças
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.