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São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

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Nem assalto sofrido por filho nem boatos sobre possível sequestro de parentes fizeram Schincariol mudar hábitos

Empresário dispensava uso de seguranças

DO ENVIADO ESPECIAL A ITU
DA FOLHA CAMPINAS

Apesar de ser um dos donos de uma das principais empresas de bebidas do país e de sua família ter vivido recentemente episódios de violência, o empresário José Nelson Schincariol não contava com nenhum esquema de segurança. Dirigia seu próprio carro, não queria seguranças em sua volta e gostava de manter os hábitos de uma cidade do interior.
Segundo Nicolau Santarém, delegado titular de Itu, a casa do empresário contava com um "sistema mínimo de segurança". Não havia circuito interno de televisão. No local, só há um sistema que acionava um alarme se alguém que entrasse na garagem demorasse muito para abrir a porta da casa, segundo a polícia.
Foi isso que aconteceu anteontem, após o empresário ter sido atingido por três tiros. Mas a polícia calcula que o alarme foi disparado após a fuga dos assassinos.
Nem o rumor de que o sequestrador Wanderson de Paula Lima, o Andinho, preso em 2002 em uma chácara em Itu nas proximidades da fábrica da família, planejava tomar como refém um dos filhos do empresário fez Schincariol mudar seus hábitos, segundo o jornalista esportivo Mauro Nóbrega, 60, amigo da família.
Nóbrega lembra que um assalto em uma chácara do diretor financeiro da empresa, na qual estava um dos filhos de Schincariol, há cerca de três meses, também não fez o empresário mudar de opinião e aumentar sua segurança. Ninguém ficou ferido no roubo.
"Ele era uma pessoa muito popular e gostava desse contato com a comunidade", afirmou Nóbrega. O executivo discutia quando tentavam convencê-lo a mudar para um condomínio fechado na sua cidade, em Itu (SP).
O prefeito de Itu, Lázaro Piunti (sem partido), definiu Schincariol como uma pessoa simples e "sem consciência de sua importância no cenário empresarial". Isso porque, segundo o prefeito, "ele era uma pessoa muito descuidada no aspecto da segurança."
Os vizinhos dizem que ele podia ser visto caminhando pelo bairro ou nas missas dominicais em um igreja que fica a poucos metros da casa do empresário.
"Ele sempre foi muito simples. Nem parecia ser um grande empresário", disse a costureira Dulce Inês de Souza Ferreira, 49, que o ajudou a socorrer anteontem.

Violência
O número de roubos em Itu cresceu 34,35% entre janeiro e junho deste ano em relação ao primeiro semestre de 2002, enquanto o de homicídios caiu 38,89% no mesmo período. Com cerca de 150 mil habitantes, a cidade registrou 352 roubos no primeiro semestre deste ano, contra 262 no mesmo período de 2002.


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