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Nem assalto sofrido por filho nem boatos sobre possível sequestro de parentes fizeram Schincariol mudar hábitos
Empresário dispensava uso de seguranças
DO ENVIADO ESPECIAL A ITU
DA FOLHA CAMPINAS
Apesar de ser um dos donos de
uma das principais empresas de
bebidas do país e de sua família
ter vivido recentemente episódios
de violência, o empresário José
Nelson Schincariol não contava
com nenhum esquema de segurança. Dirigia seu próprio carro,
não queria seguranças em sua
volta e gostava de manter os hábitos de uma cidade do interior.
Segundo Nicolau Santarém, delegado titular de Itu, a casa do empresário contava com um "sistema mínimo de segurança". Não
havia circuito interno de televisão. No local, só há um sistema
que acionava um alarme se alguém que entrasse na garagem
demorasse muito para abrir a
porta da casa, segundo a polícia.
Foi isso que aconteceu anteontem, após o empresário ter sido
atingido por três tiros. Mas a polícia calcula que o alarme foi disparado após a fuga dos assassinos.
Nem o rumor de que o sequestrador Wanderson de Paula Lima,
o Andinho, preso em 2002 em
uma chácara em Itu nas proximidades da fábrica da família, planejava tomar como refém um dos filhos do empresário fez Schincariol mudar seus hábitos, segundo
o jornalista esportivo Mauro Nóbrega, 60, amigo da família.
Nóbrega lembra que um assalto
em uma chácara do diretor financeiro da empresa, na qual estava
um dos filhos de Schincariol, há
cerca de três meses, também não
fez o empresário mudar de opinião e aumentar sua segurança.
Ninguém ficou ferido no roubo.
"Ele era uma pessoa muito popular e gostava desse contato com
a comunidade", afirmou Nóbrega. O executivo discutia quando
tentavam convencê-lo a mudar
para um condomínio fechado na
sua cidade, em Itu (SP).
O prefeito de Itu, Lázaro Piunti
(sem partido), definiu Schincariol
como uma pessoa simples e "sem
consciência de sua importância
no cenário empresarial". Isso porque, segundo o prefeito, "ele era
uma pessoa muito descuidada no
aspecto da segurança."
Os vizinhos dizem que ele podia
ser visto caminhando pelo bairro
ou nas missas dominicais em um
igreja que fica a poucos metros da
casa do empresário.
"Ele sempre foi muito simples.
Nem parecia ser um grande empresário", disse a costureira Dulce
Inês de Souza Ferreira, 49, que o
ajudou a socorrer anteontem.
Violência
O número de roubos em Itu
cresceu 34,35% entre janeiro e junho deste ano em relação ao primeiro semestre de 2002, enquanto o de homicídios caiu 38,89% no
mesmo período. Com cerca de
150 mil habitantes, a cidade registrou 352 roubos no primeiro semestre deste ano, contra 262 no
mesmo período de 2002.
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