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SAÚDE/ORTOPEDIA
Futebol ocasional é esporte que mais provoca lesões
Falta de preparo dos "atletas de fim de semana" causa também entorses e fraturas
Solução para o problema é praticar exercícios físicos regularmente, não ingerir bebida alcoólica antes da atividade e beber líquido
CONSTANÇA TATSCH
DA REPORTAGEM LOCAL
O futebol aos sábados com os
amigos, tão prazeroso, pode ser
um risco à saúde. Pesquisa com
450 pessoas, acima dos 18 anos
e que sofreram lesões durante a
prática de algum esporte nos
últimos três meses, revela que
42% estavam jogando futebol
quando se machucaram.
A pesquisa comprovou o que
especialistas dizem: o que torna o jogo mais perigoso é a falta
de preparo dos competidores,
uma vez que 42% responderam
que só praticavam atividades
nos finais de semana.
O estudo, conduzido pelo laboratório Merck Sharp & Dohme, foi realizado em diversos
países da América Latina e
mostrou que as contusões mais
comuns são entorses, lesões na
musculatura das pernas, fraturas e lesões nos joelhos.
O médico André Pedrinelli,
da diretoria do Comitê de Traumatologia do Esporte da Sbot
(Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia), afirma
que dois terços das lesões nos
membros inferiores estão relacionadas ao futebol. "A pessoa
joga, mas não treina para jogar.
Muitos estão acima do peso,
sem força, sem condicionamento físico", afirma.
Pedrinelli explica que a solução não é abandonar o futebol,
mas se preparar para ele. "É
preciso orientar para que o jogador faça melhor e tenha menor prejuízo físico. Quanto menor o número de lesões, menos
vezes ele vai precisar parar."
Aires Duarte Júnior, coordenador do Grupo de Traumatologia do Esporte da Santa Casa,
dá dicas sobre os cuidados a serem tomados: praticar musculação e alongamento, ter preparo cardiovascular, não ingerir
bebida alcoólica pois diminui
os reflexos, beber líquido antes,
durante e depois do jogo -a
perda de eletrólitos causa fragilidade da fibra muscular e cãibras. Além desses cuidados, é
preciso fazer exames cardiovasculares, e evitar jogar sob o
sol forte.
Segundo Duarte Júnior, a
atenção deve ser redobrada
quando a pelada acontece na
praia. "Futebol na praia é responsável por um grande número de lesões, pois a areia é fofa e
além de exigir esforço físico
maior, exige acomodação
maior das articulações em razão do terreno irregular", explica. Além de seguir as dicas citadas, é importante jogar calçado.
As mulheres "boleiras" também estão sob maior risco. O
ortopedista afirma que elas sofrem lesões com freqüência de
duas a nove vezes maior do que
os homens. A explicação para
isso, além da falta de preparo,
são articulações e ligamentos
mais frágeis.
O futebol é mais arriscado
que outros esportes pois há
contato direto, pessoas de níveis diferentes jogam juntas e a
competição é acirrada. "Se existe o ingrediente competitivo, é
impossível não ir um pouco
além. Ele não quer perder e
quer jogar como os outros", diz
Turíbio Leite de Barros, coordenador do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte da Unifesp.
Embora os especialistas alertem para os riscos do esporte
casual, o valor psicológico não é
ignorado. "Esse é um assunto
em que sempre tem a situação
ideal e a realidade. O ideal é não
fazer exercício de maneira esporádica. Mas o futebol de fim-de-semana é algo que tem um
benefício de saúde mental tão
grande que o saldo acaba sendo
positivo", afirma o fisiologista.
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