São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2006

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SAÚDE/ORTOPEDIA

Futebol ocasional é esporte que mais provoca lesões

Falta de preparo dos "atletas de fim de semana" causa também entorses e fraturas

Solução para o problema é praticar exercícios físicos regularmente, não ingerir bebida alcoólica antes da atividade e beber líquido

CONSTANÇA TATSCH
DA REPORTAGEM LOCAL

O futebol aos sábados com os amigos, tão prazeroso, pode ser um risco à saúde. Pesquisa com 450 pessoas, acima dos 18 anos e que sofreram lesões durante a prática de algum esporte nos últimos três meses, revela que 42% estavam jogando futebol quando se machucaram.
A pesquisa comprovou o que especialistas dizem: o que torna o jogo mais perigoso é a falta de preparo dos competidores, uma vez que 42% responderam que só praticavam atividades nos finais de semana.
O estudo, conduzido pelo laboratório Merck Sharp & Dohme, foi realizado em diversos países da América Latina e mostrou que as contusões mais comuns são entorses, lesões na musculatura das pernas, fraturas e lesões nos joelhos.
O médico André Pedrinelli, da diretoria do Comitê de Traumatologia do Esporte da Sbot (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia), afirma que dois terços das lesões nos membros inferiores estão relacionadas ao futebol. "A pessoa joga, mas não treina para jogar. Muitos estão acima do peso, sem força, sem condicionamento físico", afirma.
Pedrinelli explica que a solução não é abandonar o futebol, mas se preparar para ele. "É preciso orientar para que o jogador faça melhor e tenha menor prejuízo físico. Quanto menor o número de lesões, menos vezes ele vai precisar parar."
Aires Duarte Júnior, coordenador do Grupo de Traumatologia do Esporte da Santa Casa, dá dicas sobre os cuidados a serem tomados: praticar musculação e alongamento, ter preparo cardiovascular, não ingerir bebida alcoólica pois diminui os reflexos, beber líquido antes, durante e depois do jogo -a perda de eletrólitos causa fragilidade da fibra muscular e cãibras. Além desses cuidados, é preciso fazer exames cardiovasculares, e evitar jogar sob o sol forte.
Segundo Duarte Júnior, a atenção deve ser redobrada quando a pelada acontece na praia. "Futebol na praia é responsável por um grande número de lesões, pois a areia é fofa e além de exigir esforço físico maior, exige acomodação maior das articulações em razão do terreno irregular", explica. Além de seguir as dicas citadas, é importante jogar calçado.
As mulheres "boleiras" também estão sob maior risco. O ortopedista afirma que elas sofrem lesões com freqüência de duas a nove vezes maior do que os homens. A explicação para isso, além da falta de preparo, são articulações e ligamentos mais frágeis.
O futebol é mais arriscado que outros esportes pois há contato direto, pessoas de níveis diferentes jogam juntas e a competição é acirrada. "Se existe o ingrediente competitivo, é impossível não ir um pouco além. Ele não quer perder e quer jogar como os outros", diz Turíbio Leite de Barros, coordenador do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte da Unifesp.
Embora os especialistas alertem para os riscos do esporte casual, o valor psicológico não é ignorado. "Esse é um assunto em que sempre tem a situação ideal e a realidade. O ideal é não fazer exercício de maneira esporádica. Mas o futebol de fim-de-semana é algo que tem um benefício de saúde mental tão grande que o saldo acaba sendo positivo", afirma o fisiologista.


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