São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2006

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Dieta baseada na genética define o tipo de alimentação

Uma dieta feita de acordo com os genes do paciente. Em poucos anos, acreditam os especialistas, quem sofre de sobrepeso ou obesidade terá um tratamento tão personalizado que a orientação alimentar levará em conta cada falha genética do organismo no acúmulo de gordura. Chamada de "dieta genética", ela também poderá prevenir doenças como diabetes, hipertensão e câncer.
Hoje, médicos sabem que falhas genéticas são responsáveis pela grande maioria dos casos de obesidade e, desde 1994, quando foi descoberto o primeiro gene ligado à doença, mais 50 foram identificados. "Existem vários defeitos genéticos que podem desencadear a doença", diz a endocrinologista da Universidade Federal de São Paulo, Maria Tereza Zanella.
Um exemplo diz respeito à leptina, uma substância que chega ao cérebro e ordena que o corpo gaste mais energia quando há excesso de calorias, além de causar a perda de apetite. "Há pessoas que têm defeitos na fabricação, na condução ou na recepção da leptina, o que faz com que o organismo não reaja da forma como deveria", afirma. "Esses defeitos ocorrem nos genes e podem ser descobertos com testes genéticos."
É também por causa dos genes que algumas dietas dão certo para uma pessoa e não funcionam para outra. "Tem gente que come menos carboidrato e emagrece, outra que só perde peso se reduzir proteína.Tudo depende do metabuloma de cada um -características genéticas responsáveis pela produção de enzimas que fazem o metabolismo funcionar", explica Mariano Zalis, especialista em biologia molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Por enquanto, descobrir qual a melhor alimentação para cada um depende de tentativas. No futuro, dizem os especialistas, testes de sangue mostrarão as características dos genes e apontarão para o melhor caminho. "Conhecendo as diferenças genéticas, saberemos se o paciente tem falha em alguma enzima ou apresenta problemas para absorver carboidrato, por exemplo. Com base nisso, será possível fazer uma dieta personalizada ou indicar algum medicamento específico."
O endocrinologista Alfredo Galebe lembra que em alguns países da Europa e nos Estados Unidos, a dieta genética já é indicada para crianças como prevenção da obesidade e até de doenças cardíacas. "Mas não podemos nos esquecer que a má-alimentação também causa obesidade. Se um paciente tem problema em algum gene e come pouco, engordará menos. Se come muito, engordará mais." (DT)


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