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EDUCAÇÃO
Ministro pede que presidente, sociólogo de formação, não aprove projeto que torna também filosofia matéria obrigatória
FHC deve vetar sociologia no ensino médio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso, que é sociólogo de
formação, deve vetar o projeto de
lei que coloca a filosofia e a sociologia no ensino médio como disciplinas obrigatórias. O veto foi
recomendado ontem ao presidente por Paulo Renato Souza,
ministro da Educação.
""Sei que o senhor é sociólogo e
que isso parece uma contradição,
mas é preciso vetar", disse o ministro a FHC em telefonema, segundo relato do próprio Paulo
Renato. Para o ministro, o projeto
aprovado anteontem pelo Senado
é uma ""volta ao passado".
Segundo o porta-voz Georges
Lamazière, FHC ainda não tomou
uma decisão porque não recebeu
formalmente o projeto. O prazo
legal para o presidente anunciar
sua posição é de 15 dias úteis.
O MEC avalia que o projeto representa um retrocesso no perfil
curricular do ensino médio, que
valoriza a chamada interdisciplinaridade. Temas da filosofia e da
sociologia já fazem parte dos parâmetros curriculares da primeira
à terceira série do segundo grau.
O governo chegou a orientar os
parlamentares aliados a votarem
contra, mas foi derrotado no plenário. Diante da hipótese de veto,
caberia aos congressistas a última
palavra. O Congresso pode derrubar vetos presidenciais, mas isso
só ocorre raramente.
O projeto altera o artigo 36 da
LDB (Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional) e prevê que a
filosofia e a sociologia sejam tratadas como disciplinas, com conteúdo e professores próprios.
O projeto não gera ônus para o
governo federal. As despesas do
ensino médio, como a contratação de professores, são responsabilidade dos Estados.
Segundo Rui Berger, secretário
de Ensino Médio do MEC, o ministério não é contra o ensino dessas áreas, mas sim do ensino delas
em disciplinas específicas. Projetos interdisciplinares deveriam
tratar desses temas, diz.
Para o autor do projeto, deputado Padre Roque (PT-PR), o atual
texto da LDB é insatisfatório. ""Dificilmente será bem-sucedida a
inclusão de temas referentes a esses campos em outras disciplinas,
com docentes que não tenham a
formação plena e adequada para
o cumprimento dessa tarefa", diz.
Diante da ameaça de veto, Roque sugeriu que a obrigatoriedade
só passe a valer a partir de 2003.
Em São Paulo, a Assembléia Legislativa aprovou, na noite de ontem, projeto do deputado Jamil
Murad (PC do B) que institui as
disciplinas de filosofia e sociologia como obrigatórias no ensino
médio. O governador Geraldo
Alckmin (PSDB) ainda tem de
sancionar o projeto.
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