São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 2002

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Captura de Linho é a nova prioridade

DA SUCURSAL DO RIO

No tráfico de drogas, o ditado "rei morto, rei posto" é aplicado à risca: com a prisão de Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, já há um sucessor para comandar seus negócios no complexo do Alemão e um novo traficante a merecer o título de "mais procurado pela polícia".
O principal alvo da ação policial agora é Paulo César Silva dos Santos, o Linho, chefe da facção criminosa TC (Terceiro Comando), rival do CV (Comando Vermelho), facção de Elias Maluco.
Linho controla 12 das 15 favelas que integram o complexo da Maré e domina o complexo de Acari, ambos na zona norte. Além de atuar no varejo, Linho fornece drogas às favelas do TC. É considerado pela polícia o traficante mais bem armado do Estado.
Negócio de alta rotatividade, o tráfico nunca pára. Com as mortes ou prisões dos líderes, gerentes de segundo ou terceiro escalão ocupam o lugar dos chefes.
Levantamento feito pela Folha em cinco morros do Rio mostrou que, enquanto nos anos 80 um gerente do tráfico durava 35 meses no comando de uma favela, nos últimos dez anos o período de comando caiu para 13 meses.
A sucessão, após mortes e prisões, ocorre normalmente com a chegada de uma nova geração de traficantes, mais jovens e violentos que os antigos.
Elias Maluco, um traficante do terceiro escalão na favela de Vigário Geral, ascendeu com a morte de Flávio Negão, em 1995. Assumiu o comando na favela e ganhou poder até se tornar homem de confiança de Márcio Soares Nepomuceno, o Marcinho VP, chefe do tráfico no Alemão. Com a prisão de Marcinho, em 1996, Maluco se tornou seu homem mais "operacional" nas ruas.
Agora, com a prisão do próprio Elias, um novo traficante ascende dos escalões inferiores: o gerente identificado como Alexandre, o Grande.
"Mal prendemos um, aparece outro. Mal morre um, outro aparece. Sabemos que a rotatividade é grande. Enquanto houver consumo, o negócio do tráfico vai continuar", afirmou o delegado Ricardo Hallack, diretor da Draco (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado). (FERNANDA DA ESCÓSSIA E MÁRIO HUGO MONKEN)

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