São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 2002

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BARBARA GANCIA

O que fazer com "Freddy Seashore"?

No site que mantenho no UOL, que, aliás, dileto leitor, você deveria visitar de tempos em tempos (o endereço está aí ao lado), coloquei na seção "Sardinha da Barbara" uma provocação para ver como as pessoas reagiriam. Sugeri que Fernandinho Beira-Mar ou "Freddy Seashore", como é chamado pela imprensa norte-americana, fosse embrulhado para presente e entregue aos americanos, que estão loucos para colocar as garras nele.
Levante a mão se você achou a proposta animadora. Bem, eu lamento informar ao leitor que está de braço erguido que a sua empolgação foi em vão. Não existe a menor hipótese de encontrar uma brecha na lei que possibilite a extradição de um brasileiro.
Trata-se de uma questão de soberania nacional. Basta lembrar da alemã Olga Benário, extraditada por Getúlio e assassinada pelos nazistas, para entender que Fernandinho Beira-Mar é um problema nosso e que nós é que devemos encontrar um jeito de lidar com ele. Não há como nos furtarmos da responsabilidade. Ora, se nem mesmo Ronald Biggs pôde ser devolvido à Inglaterra por conta do status de ser pai de um brazuca, imagine extraditar o nacionalíssimo sr. Beira-Mar. Seria admitir que nos deixamos abater por coisicas como não sermos capazes de impedir a entrada de armas e telefones celulares em presídios de segurança máxima.
O que devemos fazer então com Beira-Mar? Chegar ao cúmulo de construir um presídio só para ele, como os colombianos fizeram com Pablo Escobar?
Permita-me tergiversar um segundo: você notou, caro leitor, que o Elias Maluco foi capturado na vizinhança dele? Por que não fugiu para o interior do Piauí? E Beira-Mar, como consegue contrabandear até caviar beluga para dentro do presídio, mas não pensa em dar no pé? Algo me diz que ficar de molho por um tempo faz parte do jogo. Deve ser medida profilática. Sim, pois Fernandinho Beira-Mar aposta, como Elias Maluco já apostou e saiu lucrando, na impunidade. Aliás, todos nós já aceitamos a impunidade como fato natural da vida.
Veja essa lei sem pé nem cabeça que quer proibir a criação e venda de cães pit bull, mastim e rottweiler. Feita de qualquer jeito, ela pretende resolver o problema da maneira mais fácil e ainda encara a impunidade como "fait accomplit", dando mais uma cacetada na nossa sovada legislação ordinária.
E com o Beira-Mar, a gente faz o que mesmo?

QUALQUER NOTA

Alma perdida
Para os que fazem força para se aproximar da fé, a pior notícia da semana foi a descoberta de que a "experiência extracorporal", a sensação descrita por pessoas que estiveram perto da morte como sendo o momento em que a consciência se separa do corpo, nada mais é do que uma falha no sistema sensorial. A busca pelo paradeiro da alma continua.

Memória fresca
Pegaram Elias Maluco. Agora só falta capturar Osama bin Laden. E o promotor Igor.

Explode coração
Quanto mais fazem as contas, mais os petistas ficam completamente eufóricos.

E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/


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