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Saulo vira réu em processo por desacato
Ex-secretário da Segurança Pública de SP nega ter ofendido parlamentares com palavras e gestos obscenos
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Por 12 votos a 6, os desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo aceitaram ontem a denúncia contra o ex-secretário estadual da Segurança
Pública Saulo de Castro Abreu
Filho, que, a partir de agora,
passa a ser réu no processo no
qual é acusado de desacatar
parlamentares durante reunião na Assembléia Legislativa.
Saulo, que deixou o cargo em
dezembro, após cerca de quatro
anos, é acusado de ofender parlamentares com palavras e gestos obscenos. O caso ocorreu
em 6 de junho do ano passado,
um mês após os ataques da facção criminosa PCC (Primeiro
Comando da Capital).
Nove deputados recorreram
ao Ministério Público contra o
ex-secretário, que havia sido
convocado pelo Legislativo a
prestar esclarecimentos sobre
medidas adotadas para investigar e punir os responsáveis pela
onda de violência.
O ex-secretário, que nega ter
tido a intenção de ofender os
deputados, pode recorrer da
decisão do TJ. Caso seja condenado pelo crime de desacato
continuado, pode receber pena
de seis meses a dois anos de detenção ou multa. Agora, será
sorteado um relator do processo, que ficará responsável pelo
encaminhamento da ação.
Na ocasião, Saulo, segundo
denúncia do Ministério Público, questionou a masculinidade
de deputados, colocou em dúvida os atributos intelectuais de
outro, lançou dúvidas sobre a
honestidade de um deles, batucou, dançou e ergueu o dedo
médio ("gesto universalmente
conhecido por sua índole obscena, desabusada e chula").
Segundo o desembargador
Caio Canguçu de Almeida, que
votou pelo acolhimento da denúncia, "as ditas expressões
verbais dirigidas pelo denunciado aos deputados, podem,
certamente, representar aquilo
que identifica o desacato, pois
são sugestivas de deboche, desrespeito e desconsideração".
A denúncia foi motivada por
uma representação dos deputados na Procuradoria Geral de
Justiça. Afanásio Jazadji, Carlinhos Almeida, Enio Tatto, Ítalo
Cardoso, Mário Reali, Renato
Simões, Valdomiro Lopes, Vanderlei Siraque e Vinícius Camarinha se sentiram desacatados
por supostos "gestos e atitudes
desrespeitosos e ofensivos à
honra."
Uma das atitudes citadas: ao
então deputado petista Ítalo
Cardoso, que afirma tê-lo inquirido sobre métodos de investigação da polícia, Saulo disse: "Não dá para comentar, explicar para criminoso como a
polícia atua". Como o deputado
insistiu, Saulo respondeu: "Pare com esse tom de machão, você não é assim, rapaz".
"Felizmente [a decisão] é um
fôlego porque ele demonstrava
ser inatingível. Me encoraja a
entrar com um pedido de reparo por dano moral. Além do
desrespeito, ele sugeriu uma
homossexualidade", disse ontem Cardoso.
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