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SAÚDE
Sistema Nacional de Transplantes libera afinal atuação de equipes experientes mesmo sem recadastramento
Burocracia emperra transplante duplo
da Reportagem Local
A falta de comunicação entre o
Sistema Nacional de Transplantes
(SNT) e a Central de Transplantes
de São Paulo, além dos obstáculos
burocráticos, estão atrasando o
início da realização de transplantes conjugados rim-pâncreas no
Estado, onde 80 pessoas aguardam em lista de espera.
Uma portaria do Ministério da
Saúde, publicada no último dia 22
de julho, incluiu o transplante duplo (para pacientes diabéticos que
estão com os rins paralisados) entre os procedimentos pagos pelo
SUS e abriu uma fila paralela para
os pacientes que necessitam dos
dois órgãos.
A mesma portaria exigiu que os
centros médicos e as equipes especializadas se cadastrassem junto ao SNT para a realização do
transplante conjugado. Até agora,
após três meses, nenhuma equipe
recebeu o cadastramento.
Ontem, no entanto, o coordenador do SNT, Rafael Barbosa, informou à Folha que as equipes e
os hospitais que já eram cadastrados para transplantes de rim e
que têm experiência com o transplante conjugado já podem fazê-lo, mesmo antes de receber o cadastramento. Eles serão ressarcido pelo SUS. É o caso da Beneficência Portuguesa, em São Paulo,
e da Santa Casa de Porto Alegre.
Impasse
Barbosa disse que avisou as
equipes médicas dos dois hospitais na semana passada sobre a
decisão. Nem assim os procedimentos começaram a ser realizados. As versões:
1) Segundo Marcelo Perosa, cirurgião de transplante de fígado e
pâncreas da Beneficência Portuguesa, a Central de Transplantes
de São Paulo não permitiu a realização de transplantes ainda porque não foi notificada sobre a nova decisão do SNT;
2) Barbosa disse que não notificou a central porque esta ainda
não havia criado a lista única de
pacientes que esperam o transplante conjugado no Estado;
3) Agenor Ferraz, coordenador
da Central de Transplantes de São
Paulo, afirma que a lista, com 80
nomes, já está pronta, e que
aguarda aviso oficial para permitir o início do procedimento.
Não fosse o processo burocrático e a falta de comunicação, até 12
pessoas poderiam ter recebido os
dois órgãos no Estado desde a publicação da portaria, considerando que a equipe de Perosa está
preparada para realizar um transplante conjugado por semana.
No final da tarde de ontem, Barbosa voltou a falar com a reportagem e disse que tentou entrar em
contato com a Central de Transplantes de São Paulo, mas não
conseguiu. "Amanhã (hoje) a
central estará notificada", disse.
Segundo ele, pelo novo credenciamento, o Hospital Clementino
Fraga, do Rio de Janeiro, foi o único hospital habilitado até agora
para realizar o transplante conjugado. "O novo credenciamento
da equipe de Perosa, apesar de
não ser mais necessário para o
início das atividades, também foi
autorizado, e a portaria no Diário
Oficial da União deve sair até o
início da próxima semana."
Segundo ele, o credenciamento,
quando os documentos chegam
ao STN, demora cerca de dez dias
para ser liberado. No entanto, os
documentos da equipe de Perosa
foram encaminhados pela Central de Transplantes de São Paulo
no dia 29 de setembro. Sua equipe
foi responsável por 10 dos cerca
de 20 transplantes duplos realizados no país entre 96 e 97.
Ana Saldanha, coordenadora de
outra equipe de transplante de
rim da Beneficência Portuguesa,
também aguarda o fim do impasse para começar a agir.
"Nós realizamos sete transplantes duplos de janeiro de 96 a junho de 99. Três dos pacientes tinham convênio médico e, para os
outros quatro, fizemos gratuitamente mesmo, já que não havia
cobertura do SUS", diz. "Agora
vamos recomeçar a trabalhar."
"Espero que agora o impasse tenha acabado. Os diabéticos que
têm insuficiência renal precisam
ter prioridade porque, sem os novos órgãos, eles resistem a sessões
de hemodiálise por apenas 36 meses", diz Fadlo Fraige Filho, presidente da Associação Nacional de
Assistência ao Diabético.
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