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Kassab suspende gastos para realocar verba
Prefeito decidiu transferir recursos que ainda não tenham sido reservados para projetos que considera prioritários
A medida atinge pastas que ainda não tinham licitado obras ou empenhado despesas; alguns secretários ficaram descontentes
RICARDO GALLO
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), decidiu redistribuir verbas que ainda não
tenham sido reservadas (empenhadas) no Orçamento. A decisão foi informada aos secretários na semana passada.
A Folha apurou que muitos
secretários não estão conseguindo gastar todo o dinheiro
previsto para suas pastas no
Orçamento em razão de entraves burocráticos ou mesmo
ineficiência administrativa.
Por esse motivo, Kassab pretende transferir essas verbas
para projetos já em andamento
que considera prioritários. É o
caso do Expresso Tiradentes
(antigo Fura-Fila), cuja nova
fase ele anunciou ontem, do recapeamento e da pavimentação de ruas e avenidas.
Na prática, a medida é uma
forma de Kassab centralizar e
controlar diretamente despesas que ainda não foram empenhadas ou cujas obras não foram ainda licitadas.
Até ontem, haviam sido empenhados R$ 13,03 bilhões do
Orçamento geral da prefeitura
-restam R$ 4,203 bilhões. Parte desses recursos, porém, já
está comprometida por despesas obrigatórias, como o pagamento do funcionalismo.
Para conseguir liberar os recursos, os secretários terão de
comprovar à Secretaria do Planejamento que conseguirão
gastá-los até o final do ano.
A medida descontentou alguns secretários, que consideram terem sido "amarrados"
pelo prefeito. Dois integrantes
do primeiro escalão disseram à
Folha que não há garantias de
que poderão usar recursos nas
próprias pastas.
O secretário-adjunto do Planejamento, Manuelito Magalhães Júnior, indicado para falar da medida pela assessoria
do prefeito, afirmou que não se
trata de contingenciamento, já
que as contas da prefeitura estão equilibradas, e a previsão de
receitas vem se realizando.
Além disso, a prefeitura
mantinha até o final de setembro R$ 3,7 bilhões em aplicações financeiras.
Eficiência
Segundo ele, o objetivo é dar
maior eficiência e garantir recursos para projetos em andamento e sem entraves. ""Vamos
é acelerar alguns projetos", disse o secretário-adjunto.
Magalhães Júnior nega que
seja uma forma de criar um novo superávit, como o do ano
passado, de R$ 462 milhões,
deixando reservas para Kassab
investir nos próximos anos
-em 2008, o prefeito deve tentar a reeleição ao cargo.
As secretarias mais distantes
de cumprir as metas de gastos
até o final de ano são a de Infra-Estrutura Urbana e Obras (faltam R$ 555 milhões, ou 64% do
total), a da Coordenação das
Subprefeituras (R$ 107,6 milhões, ou 63,5%), do secretário
Andrea Matarazzo, um dos
mais influentes da administração, e a do Trabalho (R$ 43,43
milhões, ou 52,5%).
No extremo oposto está a Secretaria de Serviços, que empenhou R$ 674 milhões -restam
somente R$ 62 milhões.
Os números foram compilados do Novo SEO (Sistema de
Execução Orçamentária) pela
assessoria do gabinete do vereador Paulo Fiorilo (PT).
De acordo com o secretário-adjunto, não foi definido se
uma secretaria perderá recursos para outras pastas. ""Poderemos até mesmo remanejar
verbas dentro da própria secretaria. Isso vai ser definido", diz.
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