São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 2002

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ADMINISTRAÇÃO

Vereadores que defendiam a investigação agora só enxergam empecilhos; governo tem maioria na Casa

CPI dos transportes perde força na Câmara

FABIANE LEITE
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

"CPI, que CPI?" Assim, Arselino Tatto (PT), líder da prefeita Marta Suplicy (PT) na Câmara Municipal de São Paulo, falava ontem, em tom de brincadeira, sobre a eventual abertura de uma comissão para investigar supostas irregularidades no setor dos transportes da prefeitura.
Depois da queda do secretário da pasta, Carlos Zarattini, anteontem, a idéia perdeu força. Membros do governo refutam a CPI, alegando que a comissão atrapalhará a licitação do transporte público. Marta tem maioria na Casa, e Tatto foi escolhido ontem pela bancada petista como candidato à presidência da Câmara.
O líder do PL e aliado de Marta, Antonio Carlos Rodrigues, que na semana passada era um dos principais defensores da investigação, foi o primeiro a colocar empecilhos. Durante reunião do colégio de líderes antes da sessão de ontem, Rodrigues alertou que Zarattini passa a ter foro privilegiado ao deixar o cargo. Como reassumirá a vaga de deputado estadual, só poderá ir à Câmara para depor na comissão com autorização da Assembléia, disse.
A Câmara só teria caminho livre para convocar o ex-secretário a partir de 16 de março de 2003, quando os novos deputados estaduais já terão assumido -e Zarattini, perdido a vaga na Assembléia. "O centro principal seria a acareação dele com Chaim [William Chaim, militante petista, presidente do grupo de ônibus Niquini e autor da denúncia contra o ex-secretário]."
"Temos de estudar um cronograma bem feito. Ninguém esperava que ele pedisse demissão", afirmou ainda o vereador do PL, que é ex-presidente da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos).
Zarattini atribuiu sua saída à pressão de vereadores, que resistiriam às mudanças que pretendia fazer no sistema e, no caso de alguns, segundo insinuou, seriam ligados a empresas de ônibus.
Ontem, 29 vereadores, incluindo Rodrigues, assinaram nova proposta de CPI, feita pelo tucano Gilberto Natalini. Cerca de dez pedidos semelhantes já tramitam na Casa.

Ministério Público
O Ministério Público Estadual formalizou ontem a abertura de um inquérito para investigar a transferência de recursos da SPTrans (São Paulo Transporte, órgão da prefeitura que cuida do setor) às empresas de ônibus. Em agosto, R$ 1,044 milhão foram repassados a quatro viações.
A Promotoria pediu à direção da SPTrans dados de movimentação da conta administrada pela empresa e pretende convocar Chaim e Zarattini para depor na semana que vem. Chaim confirmou ontem que atenderá ao pedido dos promotores, mas não deve fazer novas denúncias nem se expor publicamente, até para não desagradar novos setores do PT.
A SPTrans, que havia prometido para ontem uma explicação detalhada sobre a operação de transferência às viações, não voltou até agora a se manifestar sobre esse tema.


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