|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ADMINISTRAÇÃO
Vereadores que defendiam a investigação agora só enxergam empecilhos; governo tem maioria na Casa
CPI dos transportes perde força na Câmara
FABIANE LEITE
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
"CPI, que CPI?" Assim, Arselino
Tatto (PT), líder da prefeita Marta
Suplicy (PT) na Câmara Municipal de São Paulo, falava ontem,
em tom de brincadeira, sobre a
eventual abertura de uma comissão para investigar supostas irregularidades no setor dos transportes da prefeitura.
Depois da queda do secretário
da pasta, Carlos Zarattini, anteontem, a idéia perdeu força. Membros do governo refutam a CPI,
alegando que a comissão atrapalhará a licitação do transporte público. Marta tem maioria na Casa,
e Tatto foi escolhido ontem pela
bancada petista como candidato à
presidência da Câmara.
O líder do PL e aliado de Marta,
Antonio Carlos Rodrigues, que na
semana passada era um dos principais defensores da investigação,
foi o primeiro a colocar empecilhos. Durante reunião do colégio
de líderes antes da sessão de ontem, Rodrigues alertou que Zarattini passa a ter foro privilegiado
ao deixar o cargo. Como reassumirá a vaga de deputado estadual,
só poderá ir à Câmara para depor
na comissão com autorização da
Assembléia, disse.
A Câmara só teria caminho livre
para convocar o ex-secretário a
partir de 16 de março de 2003,
quando os novos deputados estaduais já terão assumido -e Zarattini, perdido a vaga na Assembléia. "O centro principal seria a
acareação dele com Chaim [William Chaim, militante petista,
presidente do grupo de ônibus
Niquini e autor da denúncia contra o ex-secretário]."
"Temos de estudar um cronograma bem feito. Ninguém esperava que ele pedisse demissão",
afirmou ainda o vereador do PL,
que é ex-presidente da EMTU
(Empresa Metropolitana de
Transportes Urbanos).
Zarattini atribuiu sua saída à
pressão de vereadores, que resistiriam às mudanças que pretendia
fazer no sistema e, no caso de alguns, segundo insinuou, seriam
ligados a empresas de ônibus.
Ontem, 29 vereadores, incluindo Rodrigues, assinaram nova
proposta de CPI, feita pelo tucano
Gilberto Natalini. Cerca de dez
pedidos semelhantes já tramitam
na Casa.
Ministério Público
O Ministério Público Estadual
formalizou ontem a abertura de
um inquérito para investigar a
transferência de recursos da
SPTrans (São Paulo Transporte,
órgão da prefeitura que cuida do
setor) às empresas de ônibus. Em
agosto, R$ 1,044 milhão foram repassados a quatro viações.
A Promotoria pediu à direção
da SPTrans dados de movimentação da conta administrada pela
empresa e pretende convocar
Chaim e Zarattini para depor na
semana que vem. Chaim confirmou ontem que atenderá ao pedido dos promotores, mas não deve
fazer novas denúncias nem se expor publicamente, até para não
desagradar novos setores do PT.
A SPTrans, que havia prometido para ontem uma explicação
detalhada sobre a operação de
transferência às viações, não voltou até agora a se manifestar sobre esse tema.
Texto Anterior: Há 50 anos Próximo Texto: Presidente da CET também é cotado Índice
|