São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 2002

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CRIME NO BROOKLIN

Foi acatada a denúncia contra Suzane, Daniel e Cristian, que permanecerão presos até o julgamento

Juiz decreta a prisão preventiva dos três acusados

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz Alberto Anderson Filho, presidente do 1º Tribunal do Júri de São Paulo, decretou ontem a prisão preventiva (até o julgamento) e a abertura de processo criminal contra Suzane Louise von Richthofen, 19, o namorado dela, Daniel Cravinhos de Paula e Silva, 21, e o irmão dele, Cristian, 26. Os três confessaram o assassinato de Marísia e Manfred von Richthofen, pais de Suzane.
Anderson Filho aceitou a denúncia do promotor de Justiça Roberto Tardelli. Marísia e Manfred foram mortos com golpes de barra de ferro no dia 30 de outubro, enquanto dormiam em casa, no Brooklin (zona sul de SP).
Suzane, Daniel e Cristian foram denunciados ontem mesmo à Justiça por duplo homicídio triplamente qualificado -motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima.
O ataque realizado enquanto o casal dormia, a tentativa de asfixia usando toalhas molhadas enquanto eles agonizavam e o objetivo do crime -liberdade para o namoro e a herança da família, segundo a Promotoria- motivaram as três qualificadoras, que devem aumentar a pena dos réus.
Os três também foram denunciados pelo crime de fraude processual. Isso porque, segundo o promotor, eles alteraram a cena do crime para fazer a polícia acreditar na versão de latrocínio.
Cristian ainda foi responsabilizado pelo furto de jóias da família. A retirada de dinheiro da casa dos Richthofen -R$ 8.000 e US$ 5.000- foi desconsiderada porque contou com a participação de Suzane, que ainda é herdeira do patrimônio da família -só o irmão Andreas, 15, pode tentar impedir, na Justiça, que ela receba parte do patrimônio. As jóias teriam sido retiradas sem o consentimento da estudante.
Mas Cristian se livrou da acusação de porte de droga. Essa acusação foi arquivada porque a polícia, segundo o promotor, não encaminhou uma porção de maconha encontrada na casa dele para exame de constatação de princípio ativo da droga.
Segundo Tardelli, Suzane e Daniel podem receber penas de 24 a 62 anos de prisão. A pena de Cristian pode variar de 25 a 66 anos. Pela legislação brasileira, um preso só pode cumprir 30 anos.
Suzane pode receber a pena menor dos três réus, segundo o promotor. Isso porque ela tem menos de 21 anos, o que pode ser considerado um atenuante (fato que diminui a pena do réu) do crime. No entanto, a denúncia da Promotoria atribui a ela o agravante (que aumenta a pena) de ter participado da morte de um familiar. Para Tardelli, é impossível prever agora a influência desses fatos na definição da pena.
O juiz do 1º Tribunal do Júri determinou para as 13h do dia 3 de dezembro o interrogatório dos três acusados. A Promotoria indicou amigos da família, uma empregada, a namorada de Cristian (A.C.M.A., 16) e uma vizinha dele como testemunhas de acusação. A defesa também tem direito a indicar oito testemunhas.
Suzane, Daniel e Cristian estavam presos temporariamente em carceragens de distritos policiais. Eles seriam transferidos hoje para penitenciárias. Ontem, Astrogildo Cravinhos de Paula e Silva visitou os filhos no 77º DP. Ele levou roupas e recebeu um desenho feito pelos filhos em um papelão.


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