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SISTEMA PENITENCIÁRIO
Em 95, havia no Brasil 95,5 encarcerados para cada 100 mil habitantes; hoje, a taxa é de 141 detidos
Número de presos por habitante aumenta
DA SUCURSAL DO RIO
A taxa de encarceramento no
Brasil cresceu quase 50% em sete
anos. Em 1995, havia 95,5 pessoas
presas para cada 100 mil habitantes no país. Hoje, há 141 presos
por 100 mil -média semelhante
à de países europeus.
Os dados são da antropóloga Julita Lemgruber e estão no relatório anual do Observatório da Cidadania 2002, que será lançado
hoje pelo Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas). O Observatório da Cidadania é a parte brasileira do Social
Watch, uma rede de ONGs, ligadas às Nações Unidas, que monitoram o desempenho dos países
em relação a metas sociais estabelecidas em fóruns internacionais.
Segundo Lemgruber, a taxa de
encarceramento brasileira é bem
menor que a dos EUA, que têm
700 presos por 100 mil habitantes.
Para ela, o que chama a atenção é
o grande crescimento de encarcerados no país em pouco anos.
"O Brasil não pode continuar
prendendo como vem prendendo. A prisão é uma forma de controle social cara e ineficaz. Hoje,
com os recursos gastos com um
preso, pode-se manter dez alunos
na rede de primeiro grau", diz ela,
que é diretora do Cesec (Centro
de Estudos de Segurança e Cidadania), da Universidade Candido
Mendes, no Rio.
Três fatores colaboraram para o
aumento de encarcerados: a ação
mais agressiva da polícia, o endurecimento das penas, com a entrada em vigor da Lei dos Crimes
Hediondos (1990), e a morosidade do Judiciário na concessão de
livramento condicional.
Pela pesquisa, São Paulo é o Estado com a maior taxa de encarcerados do Brasil, com 276,3 presos
por 100 mil habitantes, seguido
pelo Distrito Federal (269,2), Rio
(147,2) e Rio Grande do Sul
(146,6). O estudo inclui ainda um
perfil dos detentos, por condenação, mostrando que o Rio é o Estado que tem mais presos por tráfico de drogas, proporcionalmente -53%. São Paulo tem 30%.
O número de presos por extorsão mediante sequestro, que não
chega a 1% no cenário nacional,
segundo Lemgruber, atinge a
marca de 5,6% dos encarcerados
do Rio. Desde 98, porém, as estatísticas relativas a esse tipo de crime vêm caindo no Rio, ao contrário do que ocorre em São Paulo.
Pesquisa divulgada na semana
passada pela Secretaria Nacional
de Segurança Pública mostra que
o Rio registrou uma ocorrência
oficial no primeiro semestre de
2001 e três no mesmo período de
2002. Em São Paulo, foram 51 casos de sequestro em 2001 e 112 em
2002.
(MURILO FIUZA DE MELO)
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